quinta-feira, 11 de outubro de 2018

«NOVO» ESTUDO FORENSE DESAFIA AUTENTICIDADE DO SANTO SUDÁRIO?- UMA REFLEXÃO CRÍTICA


                                                    


Julho 2018
Antero de Frias Moreira*
*Médico- Especialista de Medicina Física e de Reabilitação

Resumo. Tendo sido publicado um estudo forense sobre as manchas sanguíneas patentes no Sudário de Turim alegadamente utilizando técnicas que reproduziriam as condições em que estas se teriam produzido num crucificado suspenso na cruz, é efectuada uma análise critica, comparando com dados forenses de anteriores trabalhos, bem como aspectos anatómicos e fisiopatológicos.
Conclui-se que inequivocamente o estudo em causa não reuniu as alegadas condições sendo portanto as suas conclusões para descartar.

Abstract: A forensic study on the Shroud of Turin bloodstains has been published, allegedly employing techniques that would reproduce the conditions by which they had been produced on a crucified man hanging on the cross, and a critical approach is done, comparing known forensic data from previous studies and anatomical and physiopathological aspects.
It is unequivocally concluded that the actual study did not manage to gather the alleged conditions and its conclusions are thus meaningless.

Introdução
Em meados deste mês de Julho a comunicação social na Web propalou intensamente a notícia de que um novo estudo desenvolvido por peritos forenses, aplicando sofisticados métodos de análise, a manchas sanguíneas patentes no Sudário de Turim, teriam chegado à conclusão de que haveria incompatibilidade das mesmas com a situação de um crucificado que sofreu adicionalmente uma ferida perfurante post mortem no hemitorax direito, logo questionava aparentemente com razão, a autenticidade do Sudário de Turim.
Damos como exemplo a notícia em língua inglesa The Blood stains on the Shroud of Turin seem totally fake, study claims , Michelle Starr 10 July 2018  Science Alert   https://www.sciencealert.com/shroud-of-turin-bloodstain-pattern-analysis-unrealistic-hoax-borrini-garlaschelli , mas muitas outras mais ou menos completas estão  disponíveis na Web.
Efectivamente o químico italiano Professor Luigi Garlaschelli e o antropólogo forense da Universidade de Liverpool Dr. Matteo Borrini publicaram na revista científica  Journal of Forensic Sciences um artigo intitulado «A BPA Approach to the Shroud of Turin» disponível no site . https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1556-4029.13867 . 
Tratando-se de um estudo alegadamente de caracter forense, onde supostamente teriam sido utilizados sofisticados métodos de análise experimental e que basicamente concluiu:
1-Os padrões de manchas sanguíneas patentes nos membros superiores nomeadamente no antebraço  esquerdo do Sudário de Turim não são compatíveis com os que se formariam nos membros superiores de um crucificado na cruz, e posteriormente transpostos para o tecido.
2- A ferida perfurante do hemitórax direito produzida num crucificado na cruz, nunca poderia produzir uma mancha como a  patente na imagem ventral do Sudário de Turim, nem as manchas patentes na área lombar da imagem ventral ( o designado «blood belt») nem pela movimentação do corpo apos remoção da cruz.
3- É também questionado se as manchas no Sudário são mesmo sangue então teriam sido pintadas, mas é também referida a possibilidade de as manchas sanguíneas serem óxido de ferro.
Para quem não conhece a realidade dos rigorosos estudos científicos realizados no Sudário, esta(s) noticia(s) poderão fazer vacilar a crença na autenticidade da relíquia, pelo que me sinto na obrigação de honestamente esclarecer a realidade dos factos.

A realidade dos factos
1-Efectivamente, o dito «estudo», nada tem de novo pois já em Abril de 2015 os citados cientistas comunicaram aos media a realização do seu estudo inclusivemente disponibilizando no canal youtube um vídeo onde se pode observar os métodos utilizados do qual forneço o link BPA Shroud Borrini Garlaschelli 2  https://www.youtube.com/watch?v=SNzVc1MqJ2s , vídeo esse que mostra a base experimental do seu «trabalho».
2- No vídeo youtube mencionado, observa-se que os métodos utilizados nada tem de sofisticado( convidamos os leitores leigos a visualizar esse vídeo e fazerem o seu próprio juízo…)
    - O modelo humano é o próprio Dr. Luigi Garlaschelli
   - Talvez para impressionar, vè-se  o inicio de extracção de sangue com uma seringa de uma veia da região anterior do cotovelo, e posteriormente a utilização de um sistema de saco de sangue (mas será sangue??) e um tubo de plástico de pequeno calibre com a extremidade fixada por fitas adesivas a nível da região dorsal do punho esquerdo, donde goteja o alegado sangue, e várias medições angulares dos trajectos sanguíneos no antebraço esquerdo em função da elevação do membro, com um dispositivo de medição angular perfeitamente banal.
 - No que respeita à ferida do lado, não resisto em classificar o método de verdadeiramente hilariante, pois é utilizado um modelo de um tronco de manequim de plástico, e a simulação da ferida perfurante é realizada com uma esponja embebida na ponta de um pau, previamente mergulhada numa solução de cor avermelhada proveniente dum frasco onde pode ler-se Blood Spatter, e que é (pasme-se) esfregada no manequim produzindo escorrências lineares descendentes.

3- Esse assunto foi já apresentado no fórum americano de caracter científico «Shroud of Turin Blog em 11  de Abril de 2015 com o título «New Garlaschelli and Borrini study» onde vários bloggers (eu incluído) fizeram as suas apreciações e do qual forneço o respectivo link https://shroudstory.com/?s=matteo+borrini , e sublinho que a principal crítica é de que as conclusões dos autores foram obtidas através de métodos que não reproduzem as condições em que o sangramento possa ter ocorrido num crucificado suspenso na cruz, ao qual para confirmar a morte, foi produzida uma ferida perfurante do hemitórax direito.
Nesse mesmo fórum o Dr. Thibault Heimburger, médico, apresenta um seu interessante trabalho experimental não publicado, com fotografias disponíveis, onde concluiu que os trajectos sanguíneos nos membros superiores são semelhantes aos patentes na imagem do Sudário.
Em 2010 o médico Dr. Gilbert Lavoie apresentou um interessante trabalho no International Workshop on the Scientific approach to the Acheiropoetos Images- Frascati, Itália, no qual os trajecto sanguíneos no antebraço direito e mancha externa no cotovelo, na imagem ventral do Sudário são analisados com técnica de decalque em tamanho real e recurso a voluntário humano, sendo a conclusão desse interessante estudo que ESSES TRAJECTOS SANGUÍNEOS SE PRODUZIRAM NO MEMBRO SUPERIOR DE UM CRUCIFICADO SUSPENSO NA CRUZ,  e a mancha externa ao cotovelo, aparentemente desconectada da imagem formou-se sim, na região posterior do segmento braço.

4- Aspectos muito importantes que esse «estudo» negligenciou
 O estudo em questão baseou as suas conclusões em pressupostos que pouco ou nada tem a ver com a triste e dura realidade duma crucificação.

Trajectos sanguíneos nos membros superiores
Sem entrar em detalhes anatómicos fastidiosos, terei que mencionar que na crucificação como é sabido, os membros superiores são fixados à parte horizontal da cruz (o «patibulum») não pela palma (região dos ossos metacarpianos) das mãos mas sim por cravos que transfixiam o carpo (conjunto de ossos entre os ossos do antebraço e os ossos metacarpianos na mão) proporcionando fixação sólida.
A região do carpo tem uma vascularização arterial pobre através de pequenos ramos das artérias radial e cubital, e na posição dos membros superiores na cruz, para além da diminuição da pressão arterial por efeito da gravidade haverá a considerar a presumível situação de pré-choque hemorrágico pelos prévios supliceos infligidos, o que como corolário irá condicionar um fluxo sanguíneo muito escasso e lento a partir das feridas nos punhos, constituído por uma mistura de sangue arterial e venoso.
Esse sangue escorreria lentamente nos antebraços por acção da gravidade, mas os trajectos definitivos iriam ser modulados por variados factores:
                        - Adição progressiva e lenta de sangue ao que fluiu previamente e entretanto já estava coagulado.
                       -Presença de suor e presumivelmente de partículas minerais de poeiras aderidas à pele dos membros superiores
                      - Contracções musculares e relevos tendinosos nos membros superiores
                     - Movimentos dos membros superiores nomeadamente devido a dores excruciantes e aquando da elevação corporal para evitar a morte por asfixia, possibilidade de flexão a nível dos cotovelos aquando da elevação do corpo
                   - Outros eventuais factores desconhecidos


                               
 Fig-1 Sudário de Turim-trajectos sanguíneos região dorsal do punho e antebraço anatómicos esquerdos (imagem ventral)




Ferida no Hemitórax direito (ferida da lança)
Através de experiências no cadáver, nos anos 30 do século passado, o cirurgião do Hospital de Saint Joseph- Paris, Professor Pierre Barbet concluiu que uma ferida perfurante no hemitórax direito na topografia definida na imagem ventral do Sudário de Turim cerca do 5º espaço intercostal, atravessaria num trajecto de cerca de 10 cm, com uma angulação ascendente de cerca de 20º, sucessivamente a parede toráxica, pleura parietal, pleura visceral, tecido pulmonar e  iria perfurar o coração a nivel da aurícula direita, cavidade cardíaca que contem sangue após a morte proveniente das veias cavas, pois após a morte os ventrículos estão vazios.
Partindo do princípio que devido aos eventos traumáticos que precederam a morte nomeadamente contusões toráxicas, se teriam formado derrames a nível pleural e pericárdico, tal facto explica que a ferida perfurante do hemitórax direito infligida após a morte possa ter produzido a extrusão de um fluido avermelhado- o sangue- e de um fluido de cor clara semelhante a água que não seria outra coisa senão fluido de derrame.
                              

Fig 2- Sudário de Turim-mancha hemática da ferida da lança na região lateral do hemitórax direito cerca de 16X 5 cm (imagem ventral)






Esses fluidos extrudiram através de um trajecto lesional intra-toráxico, NÃO DE UMAS BORRADELAS EXTERNAS COM UMA ESPONJA!!!!  num manequim de plástico.

                  
                  
 Fig-3 Experiência de simulação da mancha da ferida da lança (Garlaschelli e Borrini)




No que respeita às manchas sanguíneas na região lombar da imagem dorsal do Sudário esse mesmo cirurgião concluiu que elas eram compatíveis com a posterior extrusão de sangue proveniente da veia cava inferior, e que refluiu pela auricula direita seguindo o mesmo trajecto lesional aquando da mudança de posição do corpo de decúbito dorsal para uma posição de decúbito lateral- assim são explicadas com base realmente científica e experimental os trajectos do designado «blood belt» do Sudário, bem como a mancha da «ferida» do lado produzida por uma lança.


                                  

    Fig 4-Escorrências sanguíneas na região lombar-imagem dorsal no Sudário de Turim




Constituição das manchas hemáticas
Estudos de microscopia, químicos, físicos e imunológicos concluíram que as manchas avermelhadas no Sudário de Turim são constituídas por material hemático (exsudados de coágulos sanguíneos que passaram para o tecido por contacto com coágulos em lesões na superfície de um corpo), E NÃO POR UMA MISTURA DE PIGMENTO OCRE VERMELHO (o mencionado óxido de ferro) e vermilião (cinábrio)
Para além de muitos outros argumentos de caracter científico que demonstraram inequivocamente que nem a imagem corporal do Sudário nem as manchas sanguíneas são uma pintura, menciono apenas que os investigadores Jean Lorre e Donald Lynn da equipe STURP (Shroud of Turin Researh Project- equipe multidisciplinar que estudou o Sudário de Turim em 1978) aplicaram o método de análise de imagem FFT (Fast Fourier Transform) utilizado para análise do padrão de pinceladas em pinturas, e concluíram que o padrão isotrópico obtido descartava a presença de quaisquer pinceladas.

CONCLUSÃO
Este «estudo» que não é de forma alguma novo, como foi demonstrado, NEGLIGENCIOU múltiplos aspectos que deveriam ter sido considerados, e não utilizou dispositivos e materiais capazes de reproduzir as condições em que as manchas e trajectos sanguíneos possam ter sido produzidas num crucificado suspenso numa cruz, ou seja, NÃO SEGUIU O MÉTODO CIENTÍFICO, PORTANTO AS SUAS CONCLUSÕES NÃO TEM NENHUM RIGOR MÉDICO-FORENSE E SÃO PORTANTO PARA DESCARTAR.
O objectivo ultimo deste não fundamentado pseudo-estudo é atacar a crença cristã através da desacreditação da autenticidade do Santo Sudário, pois os seus autores são promotores de trabalhos patrocinados por uma associação ateísta militante italiana, a UAAR- Unione degli Atei e degli Agnostici Razionalisti.
Recorde-se que em 2009 essa mesma associação ateísta «encomendou» um trabalho ao Professor Luigi Garlaschelli no sentido de tentar reproduzir em tamanho real o Sudário de Turim com a sua imagem e manchas sanguíneas, e desta forma  poder ser afirmado que a imagem patente no Sudário afinal podia ser reproduzida.
A experiência foi um fracasso nesse sentido, mas o objectivo dessa associação era descredibilizar o verdadeiro Sudário de Turim , o qual iria ser exibido em 2010 na Solene Ostensão autorizada pelo Papa Bento XVI.
É de lamentar que uma revista de ciências forenses tenha aceite para publicação um trabalho tão medíocre e sem seguir critérios verdadeiramente científicos, e que as notícias na Web valorizem tanto um mau exemplo do que possa ser um estudo de carácter forense no Sudário, e só por isso ponham logo em causa a autenticidade do Sudário de Turim, negligenciando os seus inúmeros atributos que apontam em sentido contrário.
Os verdadeiros estudos forenses realizados por peritos na área, como o Professor Pierre Barbet,  os Drs. Robert Bucklin, Sebastiano Rodante, Judica Cordiglia, Professores Frederick Zugibe e Pierluigi Baima Bollone entre outros, permitem concluir que inequivocamente a imagem e manchas sanguíneas patentes no Sudário de Turim são de um flagelado e  crucificado segundo os costumes romanos, e que morreu na cruz, perfeitamente em acordo com os relatos da Paixão nos Evangelhos ,e ao que tudo indica esse flagelado e crucificado é Jesus Cristo.

Referências bibliográficas
Barbet, Pierre- A Paixão de Cristo segundo o Cirurgião Edições Loyola, S. Paulo 1980
Borrini, Matteo Ph D.Garlaschelli, Luigi M.Sc.- A BPA Approach to the Sroud of Turin, Journal of Forensic Sciences 10 July 2018 . https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1556-4029.13867
Brillante, Carlo, Fanti, Giulio, Marinelli Emanuella- Bloodstains characteristics to be considered in laboratory reconstruction of the Turin Shroud, IV Symposium Scientifique International du CIELT, Paris 25-26 Avril 2002 http://www.sindone.info/BRILLAN2.PDF
Bucklin, R. M.D. An Autopsy on the Man of the Shroud 1997 http://www.shroud.com/bucklin.htm
Heimburger, Thibault, M.D. November 2009- Comments about the recent experiment of Professor Luigi Garlaschelli http://www.shroud.com/pdfs/thibault-lg.pdf  
Hermosilla, Alfonso Sanchez-Científicos identifican la «lanzada» al cadaver que fue envolto en la Sabana Santa y el Sudário de Oviedo https://www.ucam.edu/noticias/cientificos-identifican-la-lanzada-al-cadaver-que-fue-envuelto-en-la-sabana-santa-y-el
Lavoie,G.-Turin Shroud: a medical forensic study of its bloodmarks and image, Proceedings of the International Workshop on the Scientific approach to the Acheiropoietos Images, ENEA Frascati Italy 4-6 May 2010
Lynn,D.J. Lorre, J.J.- Digital enhancement of images of the Shroud of Turin Proceedings of the 1977 United States Conference of Research on the Shroud of Turin, Albuquerque 1977, Holy Shroud Guild, New York 1977 in «Fourier properties of the Shroud compared to drwings and paintings by O.K. https://shroudofturin.files.wordpress.com/2014/11/shroudfft.pdf
Zugibe, Frederick T. M.D., Ph. D.- Pierre Barbet revisited http://www.shroud.com/zugibe.htm  

QUEM É O HOMEM DO SUDÁRIO?


                                                     

Antero de Frias Moreira*


Resumo:
Independentemente de aspectos históricos e peculiaridades da Imagem patente no Sudário de Turim, é do ponto de vista do «calculo matemático de probabilidades» demonstrado inequivocamente que a imagem corporal patente no Sudário de Turim pertence a Jesus Cristo e não a um outro crucificado.

A pergunta- título deste artigo, à partida parece e é efectivamente estúpida, o Homem do Sudário é obviamente Jesus Cristo.
Mas o fundamento desta pergunta, e o objectivo deste trabalho baseia-se  no facto de que várias pessoas, fazendo tábua rasa de todos os aspectos de carácter histórico ligados ao Sudário de Turim, bem como das peculiaridades da imagem sindónica nomeadamente da irreproduzibilidade da mesma, a qual é ÚNICA e é atribuída a um Homem que teve um papel marcante na história da Humanidade, pura e simplesmente afirmam algo como:
Porque é que tem de ser a imagem de Jesus e não de um outro judeu qualquer pois naquela época era vulgar os homens usarem barba e cabelo comprido, ou então houve muitos flagelados e crucificados pelos romanos, por exemplo na revolta dos Judeus em 70 A.D., porque é que tem de ser Jesus????
Mesmo cépticos ateistas bem conhecidos, como Joe Nickell , Stephen Shaffersman ou Walter McCrone em bora questionando a autenticidade do Sudário e afirmando que ele é uma «pintura» ou uma qualquer elaboração artística não põem em questão que a imagem corporal e as manchas avermelhadas representam o Corpo de Cristo flagelado e crucificado.
Mas, na linha de pensamento desses iluminados pseudo-cépticos, «mais papistas que o Papa», vamos pôr de parte todas as peculiaridades da imagem e os factos/documentação histórica ligados ao Sudário, ou se a imagem é  uma pintura uma protofotografia ou uma qualquer hipotética elaboração artística humana, e vamos focar-nos apenas no que ella representa- UM FLAGELADO E CRUCIFICADO de sexo masculino, obviamente, o que é um facto absolutamente inegável.
Vamos então, na linha de investigadores como o Professor Bruno Barberis, professor de fisica e matemática da Universidade de Turim, considerar sete aspectos comuns entre a imagem do crucificado no Sudário (o «Homemdo Sudário») e o que se sabe sobre a flagelação e crucificação de Jesus Cristo.

Bases do Cálculo Matemático de Probabilidades (segundo o Professor Barberis)
Bàsicamente teremos de assumir  com seriedade e lógica, baseados nos dados histórico-culturais, em determinados aspectos, o chamado número de casos «favoráveis» e o número de casos «possíveis»,  o  que acarreta sempre alguma dose de subjectividade, mas nas assumpções do Professor Barberis  elas pautaram-se pelo presumível limite inferior.
E o raciocínio é assim, para exemplificar, em quantos crucificados  era um envolvido num lençol funerário enquanto todos os outros ficavam a apodrecer na cruz ou era o corpo depois atirado para uma vala comum?Em quantos crucificados um transportava o patibulum (trave correspondente à porção horizontal da cruz).
Condiçoes ponderadas/Aspectos comuns ao «crucificado do Sudário» e ao crucificado Jesus Cristo
1-Envolvimento do corpo num lençol funerário:
Sabe-se historicamente que a maioria dos crucificados ficava a apodrecer na cruz para intimidação das populações, apenas por concessão da autoridade romana o corpo poderia ser excepcionalmente entregue para  sepultamento, talvez 1 em cada cem tenha sido sepultado num lençol.
Assume-se 1 em cada 100    1/100
2-As lesões perfurantes na cabeça e couro cabeludo
Não há qualquer relato histórico de uma tortura idêntica com capacete de espinhos, aplicada a um condenado, tratou-se de um acto de  zombaria brutal com Jesus Cristo para ridicularizar o facto de Ele ter assumido ser o Rei dos Judeus.
Admitindo a improbabilidade de outros casos assume-se 1/5000
3-Porte do Patibulum
Jesus não transportou a Cruz mas sim a porção horizontal uma barra designada «patibulum», e na imagem sindónica são evidentes lesões de abrasão cutânea nas omoplatas particularmente na direita que são compatíveis com o porte do «patibulum».
Nem todos os condenados levavam o «patibulum» para o local do suplicio, por exemplo nas crucifixões em massa na guerra dos Judeus  em 70 A.D. o general Titus ordenou crucificações em massa nos próprios locais tendo sido cortadas muitas árvores cujos troncos eram fixados no solo e as victimas pregadas no local aos mesmos, (e obviamente que ficavam a apodrecer no local e não eram sepultadas com lençois….)
Mesmo assim assume-se  1/2
4- Crucificação com pregos
A imagem no Sudário é de um crucificado com pregos, Jesus foi crucificado com pregos
Havia também a possibilidade de fixação à cruz com cordas mas os 2 meios de fixação não eram usados simultaneamente.
Assume-se 1/2
5- Ferida da Lança
A lançada era um acto destinado a confirmar a morte do condenado (só era utilizada quando o condenado aparentava estar morto), a maior parte das vezes os condenados ou morriam na cruz após agonia prolongada, ou  eram submetidos ao « crurifragium»-acto de fracturar os membros inferiores para impedir apoio sobre os pés para elevar o corpo e expelir o ar- esta practica era um meio de abreviar a morte por asfixia e até certo ponto considerada um acto de misericórdia para o condenado.
É obvia a «ferida da lança» no Sudário, e a Jesus Cristo também foi aplicada essa forma de confirmação da morte.
Assume-se 1/10
6- Enterro apressado
Pode-se inferir da imagem no Sudário e aspectos lesionais, que não houve tempo para preparar devidamente o corpo segundo os rituais funerários, o mesmo é referido no caso de Jesus Cristo.
Ponderando relativamente a outros casos de crucificados que tenham sido sepultados apressadamente pelos seus familiares, assume-se 1/20
7-Permanência curta do corpo no lençol
Pela análise da imagem  que é de um cadáver em estado de «rigor mortis» e não tendo sido encontrados resíduos de decomposição corporal no tecido, conclui-se que o corpo não esteve envolvido pelo lençol funerário mais do que 36 horas.
Segundo os relatos dos Evangelhos Jesus ressuscitou ao 3º dia…. e os Apóstolos encontraram o túmulo vazio.
De acordo com os rituais funerários judaicos o corpo era sepultado e ficava a decompor-se no túmulo e cerca de 1 ano depois os ossos eram recuperados pelos familiares e colocados num ossário (era o 2º enterramento) e obviamente o lençol envolvente já se teria decomposto.
Assume-se 1/500

Cálculo:
1/100 X 1/5000 X 1/2 X 1/2 X  1/10 X 1/20 X 1/500 = 1/200.000.000.000

A leitura deste resultado poder-se-á fazer de duas maneiras, a primeira é que a probabilidade de existir um outro crucificado que reúna simultaneamente as 7 características comuns na imagem do Homem do Sudário e de Jesus Christo é de 1 para 200 biliões (ou milhares de milhões segundo a nossa nomenclatura), um número INFINITAMENTE PEQUENO ou então de que a probabilidade de o Homemdo Sudário e Jesus Cristo serem uma e  a mesma pessoa é INFINITAMENTE GRANDE.
Conclusões semelhantes embora com outros valores também da ordem de um para mais de cem biliões foram obtidos pelos cálculos de Yves Delage,do Engº Paul de Gail e do Professor Tino Zeuli.

Como complemento desta conclusão o Professor Bruno Barberis toma também em consideração  o chamado «Valor Máximo de Probabilidade»
Sendo que a práctica da crucificação se teria iniciado no século VI A.C. pelos Persas e teria perdurado no Império Romano até à sua abolição pelo Imperador Constantino depois de 314 A.D., embora continuasse a ser praticada com alguma regularidade no Médio Oriente e bacia mediterrânica, até sensivelmente ao século VII, considerando um número hipotético de pessoas que viveram nesse período, poder-se-ia fazer uma estimativa obviamente muito aproximativa, do número de crucificados dessa população.
Assim, assumindo intencionalmente um número muito alto de crucificados, esse valor é estimado em 200.000.000 (duzentos milhões) com certeza muito superior aos que foram efectivamente submetidos a essa pena capital durante o período considerado.
 Dividindo esse número por 200.000.000.000 obtém-se um resultado de 1/1000, ou seja um milésimo da unidade, o que significa que «outro Homem do Sudário» nunca poderia ter existido, porque o valor é òbviamente inferior à unidade, o que nos permite «a fortiori» concluir o mesmo para todos os crucificados num «span» de décadas antes e depois da crucificação de Cristo..

                                                                         CONCLUSÃO
O(s) raciocínio(s) atrás efectuado(s) não pretende(m) de forma alguma  «provar» a autenticidade do Sudário , mas sim  inequivocamente demonstrar que independentemente de todos os aspectos históricos ou das peculiaridades científicas comprovadas, a imagem corporal nele patente com as marcas da Paixão é a IMAGEM DE JESUS CRISTO e não a de um outro anónimo crucificado. 

*Médico, membro executivo do Centro Português de Sindonologia

Referências:
1-Barberis, Bruno , Savarino, Pietro« Shroud carbon dating and calculus of probabilities» St. Pauls U.K. Edit. 1998
2-Zeuli, Tino «Jesus Christ is the Man of the Shroud» «Shroud Spectrum International » Issue 10 March 1984 pp. 29-33  http://www.shroud.com/pdfs/ssi10part5.pdf