segunda-feira, 29 de julho de 2019

Comentário do Dr.Paulo Portas sobre o Sudário na TVI-Esclarecimento de uma pseudo-polémica



 A propósito do  breve comentário do Dr. Paulo Portas sobre o Sudário, no Jornal das 8 da TVI ontem, 28 de Julho 2019, achamos necessário fazer um esclarecimento.

 Após a surpreendente!! referência da Drª Judith de Sousa sobre a questão datação do Santo Sudário, o prestigiado comentador, já no final da sua intervenção abordou o tema do Sudário realçando a posição «prudente» da Igreja que não se pronuncia relativamente ao percurso histórico da relíquia, mas incentiva o seu estudo, mencionou também a importância da mesma para os crentes  e a curiosidade suscitada para os não crentes.
Referiu  também a crença de que a relíquia seria o lençol que envolveu o Corpo de Jesus Cristo no sepulcro e o «efeito» suscitado nas pessoas pela contemplação da imagem nele patente.
Igualmente mencionou as Ostensões do Sudário e «as visitas» ao mesmo dos Papas João Paulo II e Bento XVI.

Todavia o aspecto da sua comunicação que realço, e que paradoxalmente suscitou controvérsia infundada, foi o facto de ter afirmado que um estudo da revista «Archeometry» desta mesma semana «vem pôr em causa a ideia que o Santo Sudário era do século XIII e portanto não poderia ter relação com a idade de Cristo».
Dado ter recebido vários telefonemas de pessoas com dúvidas quanto ao significado da afirmação e que inclusivamente perceberam o contrário!!!do que o seu autor pretendia transmitir,  talvez porque o comentário foi muito rápido, sinto-me na obrigação de fazer um esclarecimento.

Efectivamente o Dr. Paulo Portas quis dizer que o dito estudo da autoria de prestigiados académicos como Tristan Casabianca, Emmanuella Marinelli e do Professor  Benedetto Torrisi (Professor universitário da Universidade de Catânia e perito em análise estatística), publicado efectivamente em 22 de Março deste ano na revista científica Archaeometry e que analisa os sub-resultados da datação radiocarbono da amostra que foi fornecida ao Laboratório de Oxford em 1988 questiona e refuta a validade dos anteriores testes de radiocarbono de 1988 que dataram uma amostra do tecido do Sudário do século XIII (datação média).
Os autores concluem efectivamente que os resultados demonstram inhomegeneidade portanto a amostra não é válida e a validade da datação radiocarbono de 1988 deverá ser reconsiderada.
Fornecemos o link para o Abstract do referido trabalho  https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/arcm.12467 

De louvar a iniciativa do Dr. Paulo Portas de trazer ao conhecimento do grande público um tema tão importante como desconhecido para a maioria dos telespectadores, e sobretudo por ter realçado informação cientifica fidedigna a questionar a validade dos testes radiocarbono 1988, contrariamente a outros que fixando-se nos desacreditados testes e dolosamente «ignorando» novos estudos , tentam com isso desacreditar a autenticidade do Sudário de Turim.
Todavia sabemos que já desde 2005 a validade dos testes radiocarbono de 1988 que dataram a amostra recolhida do Sudário no período medieval (1260-1390) foi contestada pelo importantíssimo trabalho do termoquímico americano Professor Raymond Rogers, o que foi  confirmado posteriormente por outros investigadores, e inclusivamente em 2013  uma equipe liderada pelo físico do Departamento de Engenharia da Universidade de Pádua, Professor Giulio Fanti aplicou novos métodos de datação de têxteis em material remanescente da colheita da dita amostra, concluindo que o tecido do Sudário era datado 280 A.C. a 220 A.D. portanto poderia ser da época de Cristo mas NUNCA do período medieval.- convidamos os nossos leitores a revisitarem o artigo deste Blog de 29/07/2013 «Novo Método de datação de tecidos aplicado ao Sudário de Turim».
Ainda mais recentemente, em 23 de Maio ultimo um grupo de cientistas italianos coordenados pelo já referido perito em estatística Professor Benedetto Torrisi, num simposium patrocinado pela Universidade de Catânia-Itália  re-analisou os sub- resultados da datação radiocarbono dos diversos laboratórios em 1988 e o que afrmou em entrevista, e transcrevemos  no original é:
 «È tutto da rifare. C'è la piena certezza che la Sindone non risale al Medioevo»,
Ou seja afirma categoricamente que os testes radiocarbono  deverão ser repetidos e HÁ PLENA CERTEZA QUE O SUDÁRIO NÃO É DA IDADE MÉDIA.

Pensamos haver já um manancial de informação de caracter científico que nos permite afirmar com legitimidade de que OS TESTES RADIOCARBONO DE 1988 EFECTUADOS NUMA AMOSTRA DE TECIDO DO SUDÁRO DE TURIM* SÃO INVÁLIDOS, e questionar a autenticidade do Santo Sudário com base nos desacreditados testes de radiocarbono 1988 demonstra uma ignorância dos desenvolvimentos científicos.

*Nota: recordamos que a amostra de tecido recolhida do Sudário em 1988 foi dividida pelos três laboratórios-Oxford,  Zurich e Arizona

                                    Antero de Frias Moreira 


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