terça-feira, 16 de dezembro de 2014

                      NOVOS ESTUDOS DE ADN NO SUDÁRIO DE TURIM

Até à realização do «Workshop on advances in the Turin Shroud investigation» nos passados dias 4-5 de Setembro 2014  os únicos estudos conhecidos de ADN do Sudário de Turim foram realizados na década de 90 do século passado.

O ADN, iniciais de ácido desoxirribonucleico, é o principal constituinte dos cromossomas (organelos dos núcleos celulares) enrolado numa dupla hélice e contém o material genético característico da espécie e do próprio individuo.
Obviamente que quando se fala de estudos de ADN no Sudário de Turim, o impacto mediático é extraordinário.
Efectivamente aquilo que se poderia dizer relativamente a esta questão,no que se refere aos estudos dos anos 90 resume-se ao que vamos recordar:

Após estudos preliminares pelo cientista italiano Professor Marcello Canale, o microbiologista americano Dr. Leoncio Garza-Valdés do Texas Health Science Center de San Antonio-Texas, obteve amostras de fibras de manchas sanguíneas da região occipital e do punho esquerdo, que lhe foram fornecidas pelo Professor Giovanni Riggi di Numana, consultor cientifico da Arquidiocese de Turim e membro do S.T.U.R.P.
O material foi estudado no no departamento de PCR (polimerase chain reaction) do Laboratório de Microbiologia do Texas Health Center pela equipe do Dr. Victor Tryon.
Foram encontrados segmentos de genes humanos da Betaglobina(proteína constituinte da hemoglobina, no cromossoma 11), da Amelogenina X e Amelogenina Y, genes estes localizados respectivamente nos cromossomas X e Y.

Dado que o local onde o material foi recolhido se encontrava longe de zonas susceptiveis de manipulação humana, a possibilidade de contaminação é muito pequena, não sendo irrazoável concluir-se que o sangue era de um individuo de sexo masculino.

Dado o estado de degradação e fragmentação do material genético os cientistas consideram absolutamente ficcional a possibilidade de clonagem do Homem do Sudário, e atendendo às vicissitudes que o Sudário atravessou ao longo da sua existência, no seu percurso histórico e geográfico, bem como repetida manipulação humana, a possibilidade de CONTAMINAÇÃO COM ADN EXÓGENO é um factor a ter em conta nas conclusões a tirar nestes estudos.

Todavia, a contaminação com ADN, tal como os evangelhos apócrifos poderão lançar alguma luz sobre factos da vida de Cristo e também sobre o Sudário, é um problema que mereceu actualmente atenção da parte dos cientistas e ajuda a estabelecer o percurso geográfico e histórico do Sudário de Turim.

No caso da contaminação, o ADN proveniente de pessoas e espécies vegetais e que se depositou ao longo dos séculos no tecido do Sudário tem importância para determinar os locais de permanência do Sudário e as etnias que potencialmente contactaram com o tecido.

NOVOS ESTUDOS DE ADN

Neste âmbito, o Professor Giulio Fanti apresentou no referido evento cientifico um estudo do qual foi coordenador e que envolveu peritos de genética de várias universidades italianas, entitulado «Uncovering the Sources of DNA in the Turin Shroud» autores, Barcaccia, G. Galla, G. Achilli, A., Olivieri, A., Torroni, A. e Fanti, G.

O material estudado foi proveniente de partículas de aspirados entre o tecido do Sudário e a sua cobertura posterior (Pano da Holanda), e de partículas de poeira recolhidas pela equipe S.T.UR.P. em 1978- Não se trata pois de material recolhido actualmente,

Nesse material contendo grãos de pólen, resíduos celulares e minúsculos componentes orgânicos,l foram efectuadas identificações taxonómicas de espécies vegetais com base nos códigos de barras de ADN dos cloroplastos (organelos vegetais) e foi efectuada a reconstrução molecular de Haplótipos de ADN mitocondrial humano.

Dada a complexidade do estudo referiremos a titulo de conclusão, o que o Professor Fanti declarou em recente entrevista ao sindonólogo brasileiro Louis de Figueiredo:
« Devo declarar que o nosso estudo apenas considerou a contaminação do ADN presente no Sudário de Turim.Este estudo demonstra a presença de várias espécies de plantas de acordo com o código de barras do ADN de cloroplastos e distintos haplótipos de ADN mitocondrial humano.
No que respeita às entidades taxonómicas das plantas identificadas neste estudo, algumas são nativas de países mediterrânicos e espalhadas em regiões do Médio Oriente, outras tinham a sua origem na Ásia oriental e nas Américas, e não tinham ainda sido introduzidas na Europa durante o período medieval.
Vale a pena mencionar que cerca de 2/3 das espécies de plantas....... são nativas e encontradas em regiões temperadas e sub tropicais da Europa de leste, Médio Oriente, Ásia e Norte de África.
No que respeita a ADN mitocondrial humano, foram identificados distintos haplótipos, incluindo R0, U2 e U5 e vários haplótipos H
Haplogrupo R0 ocorre frequentemente no planalto arábico, especialmente nas populações da Arábia Saudita, e Paquistão, com a sua maior frequência no Yemen(30%), enquanto que a maior frequência do haplogrupo R8 é encontrada principalmente na India oriental.
Subgrupos U estão amplamente distribuídos pela Eurásia ocidental, Norte de África e sul da Ásia.»

Como neste estudo não foi apenas encontrada « contaminação» com ADN de espécies vegetais europeias, e ADN mitocondrial de etnias europeias, é licito concluir que o Sudário durante a sua existência foi manipulado por pessoas de etnias orientais e norte de África (possivelmente aquando da produção e transporte do tecido que o constitui) e esteve noutros locais que não a Europa, nomeadamente na bacia mediterrânica(na qual se localiza a Palestina).

O trabalho conclui que «... Os dados globais dos estudos ADN foram comparados com informação histórica para verificar se as áreas de origem e distribuição das espécies de plantas e haplogrupos mitocondriais humanos são coerentes com as rotas do Sudário de Turim.
Os nossos resultados experimentais e dados adicionais colocam mais uma dificuldade àqueles que postulam uma origem na Europa central e na Idade Média à relíquia».

Para todos os que nunca duvidaram da autenticidade do Sudário, apresentamos o resumo e conclusões deste estudo (ainda não disponivel públicamente), como a nossa prenda de Natal

Lembramos que no próximo ano irá haver uma nova Ostensão do Santo Sudário de Turim e o Papa Francisco deslocar-se-a a Turim para o venerar.

                                                                           Boas-Festas e até breve
                                                                          Antero de Frias Moreira

  

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