O ADN DO SUDÁRIO DE TURIM-ADN DE JESUS?- Reavaliação dos estudos de ADN do
Sudário de Turim e do Pano de Oviedo
Janeiro 2019
Antero de Frias
Moreira*
*Médico- Especialista de Medicina Fisica e de Reabilitação;
Membro Executivo do Centro Português de Sindonologia
Resumo:
Após uma introdução ao
tema é feita a revisão dos trabalhos conhecidos sobre os estudos de ADN no
Sudário de Turim e no Pano de Oviedo, sendo analisados os seus achados.
Conclui-se que os estudos de ADN Nuclear apenas permitem
presumir que o material hemático patente no Sudário de Turim seja de um
individuo de sexo masculino, não podendo ser estabelecido a esse nível qualquer
relação com o material hemático do Pano de Oviedo.
Os estudos do ADN vegetal e mitocondrial humano do Sudário de
Turim fornecem importantes elementos de suporte do seu percurso histórico
tradicionalmente aceite.
Abstract:
After an
introduction to the subject, DNA studies on the Turin Shroud and Oviedo Cloth
DNA are reviewed and their findings analyzed.
It is
concluded that studies on Nuclear DNA only provide elements to presume that
hematic material on the Shroud of Turin can be of a male sex individual and on
this basis it cannot be established any connection to the hematic material on
the Oviedo Cloth.
Plant DNA and
human mitochondrial DNA studies on the Shroud of Turin provide important data
to support its traditionally accepted historical trail.
Palavras-Chave:
ADN, ADN nuclear ADN mitocondrial contaminação ADN exógeno,
Sudário de Turim, Pano de Oviedo Homem do Sudário
Key-Words:
DNA, nuclear
DNA, mitochondrial DNA, contamination, exogenous DNA, Shroud of Turin , Oviedo
Cloth, Man of the Shroud
Considerações preliminares:
O Santo Sudário de Turim é a relíquia mais venerada do
Cristianismo, pois trata-se de um pano de linho de grandes dimensões onde está
patente uma enigmática imagem em tonalidade acastanhada da região ventral e
dorsal de um corpo desnudado de um individuo de sexo masculino bem como manchas
de tonalidade avermelhada, sendo o conjunto altamente evocador de um flagelado
e crucificado.
Encontra-se em Turim desde 1578 e a tradição, estudos
históricos e científicos identificam-no com a mortalha funerária que envolveu o
Corpo de Jesus Cristo no sepulcro.
O Sudarium de Oviedo também conhecido como Pano de Oviedo, é
também um pano de linho de menores dimensões, com registos históricos na Península
Ibérica desde inícios do século VII, e que é identificado como o pano que
cobriu a cabeça de Jesus Cristo na cruz após a Sua morte, e corresponderá ao «sudário
enrolado aparte» no capítulo 20 do Evangelho de S. João.
Abordando aspectos materiais relacionados com Jesus Cristo, o
estudo de potencial material genético com Ele relacionado, será pois um tema
potencialmente polémico, recentemente reactivado por um programa televisivo
emitido pelo Canal História e intitulado «O ADN de Jesus Cristo», em língua
inglesa «The Jesus Strand a Search for DNA», e que iremos procurar abordar de
uma forma objectiva.
Introdução:
Testes de ADN, análises de ADN são frases que ouvimos correntemente,
mas antes de mais iremos debruçar-nos sobre noções básicas do ADN.
O ADN, iniciais de ácido desoxirribonucleico, é uma molécula
complexa que contem o genoma humano, ou seja o «código genético» que irá
determinar o que cada ser vivo irá ser em termos de aspecto e funcionamento.
A molécula do ADN foi caracterizada em 1953 pelos Drs. James
Watson e Francis Crick, vencedores do Prémio Nobel da Medicina, como uma dupla
hélice enrolada constituída por bases púricas ( adenina e guanina) e
pirimídicas (citosina e timina), ligadas a um açúcar -a desoxirribose, e um
fosfato.
Cada hélice tem a sua sequência de bases, conectadas por
ligações de hidrogénio à base da outra hélice sendo que a adenina se liga
sempre à timina e a citosina à guanina(12).
Fig. 1-
Estructura do ADN (em «The structure of DNA» News Medical Lifesciences )
Os genes humanos são sequências de bases e o conjunto dos
genes constitui o genoma humano, que irá definir a individualidade de cada ser.
O ADN é o principal constituinte dos cromossomas estruturas
contidas nos núcleos celulares, sendo que na espécie humana há 23 pares de
cromossomas (cada par corresponde a um cromossoma de origem materna e outro de
origem paterna) cujo ADN é portanto proveniente do pai e da mãe, e nesse
conjunto o Homem tem um par de cromossomas designados XY e a Mulher um par XX.
A famosa base de dados CODIS (acrónimo de Combined DNA Index
System) dos Estados Unidos da América trata-se de um sistema informático que
armazena perfis de ADN criados por laboratórios criminais (25) e utiliza dados
arquivados referentes a várias sequências de bases do ADN de indivíduos
designadas por «loci» (13-20 sequencias + gene da amelogenina X ou Y para
determinação de sexo) que são comparadas com sequências homólogas de amostras
de ADN por exemplo recolhidas num local de crime a partir de sangue, fluidos
corporais ou cabelos, se há coincidência o chamado «nível de confiança» (critério
estatístico) é de 99.99% o que quer dizer que há 99,99% de probabilidade do ADN
ser do mesmo individuo (13), ou noutra perspectiva a probabilidade de não ser,
utilizando 13 sequencias do CODIS é de 1/ 10 000 000 000 000 ou 1/ 10 13(22).
No que concerne ao ADN esta complexa molécula encontra-se nas
amostras sobre duas formas, o ADN nuclear, portanto aquele que existe nos
núcleos celulares, e o ADN mitocondrial, existente nos organelos celulares
designados por mitocôndrias, possuindo este apenas 37 genes enquanto que o ADN
nuclear tem 30 000 genes(18).
Como foi dito o ADN nuclear tem informação genética dos 2
progenitores mas o ADN mitocondrial é o ADN de linhagem materna, exemplificando
ele é transmitido para a filha e o filho da mesma mãe, mas o filho não o
transmite aos seus descendentes, a filha sim.
Não iremos por motivos óbvios entrar em detalhes técnicos
laboratoriais de execução das complexas análises, mas esta introdução
afigura-se necessária para se perceber os estudos de ADN realizados no Sudário
de Turim e no Sudarium ou «Pano de Oviedo», bem como o que deles se possa
inferir e concluir.
ESTUDOS DE ADN NO
SUDARIO DE TURIM E NO SUDARIUM OU PANO DE OVIEDO
Em 1995 a equipe do Professor Marcello Canale recebeu para estudo 2 fios de cerca
1.5 cm de comprimento, da extremidade do Sudário na zona das impressões
plantares dorsais.
Foram estudadas várias sequências de genes, nomeadamente amelogenina X e Y tirosina hidroxilase,
factor de von Willebrand , tirosina kinase e factor XIII da coagulação concluindo-se que havia
seguramente contaminação com ADN de vários indivíduos, nomeadamente femininos, embora o masculino fosse predominante
(18), e no estudo realizado pelo mesmo cientista em material do Pano de Oviedo
também se concluiu por contaminação com ADN feminino - esses estudos foram
portanto inconclusivos(10),(18).
Em 1998 o microbiologita americano Dr. Leoncio Garza Valdés
do Texas Health Center, publicou no seu livro «DNA of God?» o resultado de
pesquisas efectuadas juntamente com o Dr. Victor Tryon geneticista da
Universidade do Texas, do Departamento de PCR (Polymerase Chain Reaction) do
Laboratório de Microbiologia dessa mesma Universidade, em material recolhido de
manchas hemáticas da região occipital e punho esquerdo do Sudário de Turim.
Esse material foi-lhe fornecido pelo Professor Giovanni Riggi
di Numana, cientista que integrou a equipe STURP, o qual efectuou a recolha
aquando da realização dos testes radiocarbono 1988 (11).
Foram determinados segmentos de três genes humanos, a saber
268 pares de bases da betaglobina (componente da hemoglobina no cromossoma 11),
e segmentos da amelogenina X e amelogenina Y, sendo concluído que o sangue era
de um individuo de sexo masculino (18),(24).
Todavia o então Arcebispo de Turim, Cardeal Saldarini,
desvalorizou os resultados alegando que o material para estudo tinha sido
fornecido à revelia das autoridades religiosas e solicitou a imediata entrega
de todo o material proveniente do Sudário .
Nos dois citados estudos determinou-se que o ADN (neste caso
obviamente ADN nuclear) estava bastante degradado e fragmentado. (9),(14),(15).
Em 2007 foi anunciado no «Segundo Congresso Internacional
sobre o Sudarium de Oviedo» a realização em curso de estudos de ADN no Pano de
Oviedo a cargo dos Drs. Manuel Rey da Newbiotechnic de Sevilha e de Enrique
Monte do Departamento de de Microbiologia e Genética da Universidade de
Salamanca, estudos esses no sentido de determinar a área geográfica donde o
linho teria vindo, foi também referido pelo Dr. António Alonso do Instituto
Nacional de Ciência Forense que foram analisadas amostras de sangue e as
tentativas de identificação de ADN nuclear foram infrutíferas mas foi possível
identificar ADN mitocondrial, não obstante ADN humano no sangue do Pano (23).
Estudos de ADN
ulteriores (4),(5),(6),(7),(8)
Na sequência de um estudo pioneiro coordenado pelo Professor
Giulio Fanti, envolvendo vários geneticistas de departamentos de genética de
várias universidades italianas, apresentado em 2014 no Congresso Internacional
de Bari (4), foi apresentada posteriormente a versão definitiva, mais elaborada
do trabalho, por uma equipe de geneticistas liderada pelo Professor Gianni
Barcaccia, no «Workshop of Paduan Scientific Analysis on the Shroud» em 2015 em
Pádua.
Sem entrarmos em pormenores técnicos fastidiosos, o estudo
versou a caracterização de ADN extraído de material orgânico de poeiras
aspiradas da parte oculta do Sudário pelo já referido Professor Giovanni Riggi
di Numana respectivamente em 1978 e 1988, e posteriormente cedidas ao Professor
Fanti, sendo importante referir que foram recolhidas em filtros identificando a
zona donde tinham sido recolhidas.
Recorda-se que o Sudário de Turim estava cosido a todo o seu
comprimento, na parte de trás, a um tecido- o chamado Pano da Holanda- aplicado
em 1534 pelas freiras clarissas de Chambery, como parte do restauro após o
incêndio na catedral de Chambery em 1532 que provocou alguns danos no Sudário.
Ora esse Pano da Holanda foi parcialmente descosido e
efectuada aspiração sendo devidamente marcadas áreas como face, mãos, pés e
nádegas bem como área descoberta da zona da retirada da amostra radiocarbono em
1988.
Nesses estudos foi analisado o ADN de cloroplastos (organelos
vegetais) de plantas e ADN mitocondrial humano, determinando-se que o ADN
vegetal correspondia a plantas da Europa, Norte de África/Bacia Mediterrânica,
da Península Ibérica à Palestina e mesmo espécies do Novo Mundo, trazidas para
a Europa após a descoberta do Continente Americano por Cristóvão Colombo em 1492.
É importante referir que foram determinados fragmentos de ADN
mitocondrial humano com menos de 200 pares de bases e outros com sequências
mais longas superiores a 500 pares de bases, o que indica presença de
«contaminação» antiga e mais recente (8).
No que respeita ao ADN mitocondrial, a análise genética
concluiu por múltiplos «haplogrupos» designação de um grupo de vários genes
presentes em vários cromossomas e que partilham uma ancestralidade comum,
digamos «grosso modo» determinadas «etnias».
Foram determinados então haplogrupos do Médio Oriente ,
Próximo Oriente, Caucaso, Nordeste de África, Anatólia , Ásia Central, Europa
Ocidental e Peninsula Ibérica e até da India sendo que percentualmente o ADN
mitocondrial correspondente a etnias europeias era de 5,7%, do Médio Oriente
55,6% e da India 38,7%, alem disso foram consideradas as potenciais
possibilidades da etnia do Homem do Sudário (6)(7)(8).
Estudos de ADN mitocondrial de sangue do «Homem do Sudário»*
*Barcaccia, Giani et al «DNA Analysis of dust particles sampled from the Turin Shroud», Matec Web of Conferences 2015
Fig 2- Slide gentilmente cedido pelo Professor Gianni Barcaccia,
onde são designados os três possíveis haplogrupos do Homem do Sudário
Pode-se depreender que a etnia do Homem do Sudário não será
europeia sendo a etnia Drusa uma
possibilidade (a etnia Drusa tem uma ancestralidade comum com Judeus e
Cipriotas e compartilhou os seus genes com populações do Médio Oriente incluindo
Palestinianos e Sirios como pode ler-se no slide)(8).
Os autores concluem que embora a possibilidade de o Sudario
de Turim ser uma elaboração medieval europeia não possa ser excluída, a
diversidade das etnias determinadas, resulta do contacto de inumeras pessoas
com o tecido do Sudário ao longo dos séculos, e integrando os resultados obtidos do estudo de ADN de plantas e ADN
mitocondrial humano, eles são compatíveis com o percurso histórico- geográfico
do Santo Sudário de Turim , previamente definido pela documentação
histórica e estudos palinológicos (pólenes) e minerais.
Além disso põe a possibilidade de o linho ser proveniente da
India, tendo viajado pelas rotas comerciais da época, e posteriormente
manufacturado no tecido, até chegar à Palestina (6),(7),(8).
DISCUSSÃO
Se o objectivo dos estudos de ADN forem estudar o ADN do
Homem do Sudário, ter-se-á desde já que considerar a forma como tenha passado para o tecido , e
obviamente haverá duas possibilidades, ou por contacto com partes do corpo
passando resíduos orgânicos para o tecido, nomeadamente celulas cutâneas ou
fluidos corporais, ou então nas manchas sanguíneas, também neste caso por
contacto.
Hoje sabemos que seguramente as manchas sanguíneas no Sudário
de Turim são exsudados de coágulos patentes nas áreas lesionais do corpo de um
homem que morreu em posição de crucificação, e que foram transferidos para o
tecido por um mecanismo de contacto (1),(20), e são precisamente as áreas
hemáticas que foram escolhidas pelos investigadores para recolha das amostras,
quer no Sudário de Turim, quer no Pano de Oviedo (neste caso há sangue misturado
com fluido de edema pulmonar),dado que presumivelmente serão áreas onde será
mais provável obter ADN do Homem do Sudário.
Uma das razões da escassez de ADN nas amostras recolhidas do
Sudário, tem a ver com o facto de que o ADN nuclear existe apenas nas células
nucleadas, ora os eritrócitos (glóbulos vermelhos) são células anucleadas,
portanto a única fonte possível de ADN nuclear serão as células da serie
branca, os neutrófilos, linfócitos e monócitos (16), ao que acresce o facto de o material
hemático no Sudário não ser sangue total, mas sim um exsudado de coágulo que
foi transferido por contacto para o tecido, logo a maior parte dos elementos
celulares do sangue ficou retida na rede de fibrina do coágulo sobre a ferida
corporal.
Outro aspecto irresolúvel é a identidade do Homem do Sudário,
pois se como tudo indica o Homem do Sudário é Jesus Cristo, (3),(26), não
existe qualquer outro resíduo orgânico ( ou seja não existem quaisquer
remanescentes corporais de Jesus Cristo) donde se possa obter ADN para
comparação com o obtido do Sudário, mesmo excluindo que este está marcadamente
fragmentado e degradado pela antiguidade (14),(21).
Contaminação c/ ADN exógeno
Antes de mais teremos que ter em conta que a contaminação com
ADN exógeno deve ser sempre uma preocupação, pois pode haver intrusão de ADN
exógeno a partir de células de descamação cutânea, fluidos corporais como
aerossóis respiratórios de tosse, espirro saliva etc. portanto basta o respirar
tossir coçar a cabeça, tocar sem luvas protectoras no tecido do Sudário,
colocar sobre o tecido objectos que foram manipulados por pessoas, para
introduzir ADN exógeno, situações a que o tecido do Sudário foi
inquestionavelmente sujeito ao longo dos séculos.
Apreciação critica dos estudos de ADN
Estudos iniciais
No que concerne aos estudos iniciais de ADN do Professor
Canale em 1995, a determinação de vários alelos de genes (recordamos que um
individuo só pode ter dois alelos) bem como a presença de ADN feminino apontam
para a inevitável contaminação com ADN exógeno, não podendo daí ser extraída
qualquer informação válida no que respeita ao ADN do Homem do Sudário (18), o
que na nossa opinião seria de esperar pois as amostras foram recolhidas da
extremidade do tecido na zona da imagem da planta dos pés, região
potencialmente sujeita a manipulação humana.
Relativamente aos estudos posteriores do Dr. Leoncio
Garza-Valdés e Victor Tryon publicados em finais dos anos 90, não questionamos
sequer a legitimidade das amostras, e o facto de as amostras terem sido
recolhidas da região occipital e punho esquerdo, portanto áreas do tecido do
Sudário afastadas dos bordos, portanto menos prováveis de terem sido tocadas,
até certo ponto minimiza a possibilidade de contaminação e dará mais segurança à
conclusão de que a amostra seja de sangue de um individuo de sexo masculino.
Não obstante, dado que não foi excluída a possibilidade de
contaminação exógena nomeadamente por células cutâneas/outra, essa conclusão não poderá ter um valor
absoluto, e o investigador e imunologista Dr. Kelly Kearse propõe, dado que
não existem normalmente linfócitos B na pele, a fim de confirmar a possibilidade
de que o que foi determinado foi ADN de células sanguíneas e não cutâneas « a análise de ADN das manchas sanguíneas deve
produzir um perfil indicativo de uma população policlonal de células B, por
exemplo uma curva em forma de sino (distribuição Gaussiana)que reflecte a
natureza heterogénea do rearranjo do receptor»- tendo sido prèviamente
explicado que o re-arranjo de segmentos de genes dos linfócitos B produz uma
multiplicidade de diferentes receptores (imunoglobulinas) na sua superfície, o
que não acontece no chamado «touch DNA» de origem em células cutâneas(19).
Do atrás exposto e integrando com os escassos dados sobre os
estudos de ADN do Pano de Oviedo, não é possível estabelecer qualquer
identidade entre o ADN nuclear ou mitocondrial das duas relíquias, apenas que o
material hemático é do tipo AB, mas nem sequer foi possível determinar o factor
Rh (2),(16).
Estudos mais recentes
O estudo da equipe do professor Barcaccia tem o mérito de através
da análise genética de material predominantemente contaminante-referimo-nos ao
ADN vegetal e ADN mitocondrial dos indivíduos que ao longo do tempo contactaram
com o tecido do Sudário- fornecer uma base para se poder ou não corroborar o
percurso histórico- geográfico da Relíquia tradicionalmente descrito.
Esclarecemos que esse ADN (vegetal e mitocondrial humano) predominantemente
contaminante foi sendo depositado no tecido ao longo do tempo, por poeiras
atmosféricas, contacto com resíduos vegetais e sobretudo por todas as pessoas
que ao longo dos séculos foram contactando com o tecido, desde a fase da
colheita e preparação do linho, manufactura do tecido, transporte da peça nas
rotas comerciais, e múltiplos contactos humanos com a mesma, sem esquecer o
envolvimento do Corpo do Homem do Sudário.
Assim sendo, é possível considerar dois cenários (8):
1 O-Sudário ser uma
fraude medieval elaborada na Europa
Neste caso para alem de existir ADN vegetal de plantas da
bacia mediterrânica e Médio Oriente o que é dificilmente explicável, também o
facto de que apenas 5.7% do ADN mitocondrial é de etnias europeias, bem como a
presença considerável de ADN de etnias indianas ( 38,7%) e do Médio Oriente
(55,6%) torna esta possibilidade
insustentável, pois o contrário é que seria lógico nessa perspectiva.
2- O Sudário de Turim
seguiu o percurso histórico conhecido Jerusalém-Edessa Constantinopla-Europa
Ocidental
Os dados do ADN vegetal e mitocondrial humano em nada
contrariam essa possibilidade, antes fornecem mais argumentos a favor do
percurso histórico-geográfico proposto, em função dos prévios estudos históricos,
palinológicos e mineralógicos.
No que concerne ao possivel ADN mitocondrial do Homem do
Sudário os haplogrupos determinados
apenas permitem ponderar hipóteses de etnias, e não fazer afirmações
peremptórias, como ficou patente no documentário do Canal História de que
Jesus Cristo tinha antepassados Drusos, e será apenas mais um dado a favor de
que o material hemático patente no Sudário é de um individuo de etnias do Médio
Oriente.
CONCLUSÃO
Os estudos de ADN nuclear no Sudário de Turim e Pano de
Oviedo são pouco conclusivos pois não permitem descartar a possibilidade de
contaminação com ADN exógeno, não
obstante fornecem um elemento de presunção não negligenciável de que o material
hemático patente no Sudário de Turim seja de um individuo de sexo masculino,
não sendo possível estabelecer qualquer comparação ou conexão com o ADN nuclear
do Pano de Oviedo.
No que respeita aos
estudos de ADN vegetal e ADN mitocondrial humano, eles fornecem importantes
elementos de suporte para o percurso histórico-geográfico tradicionalmente
aceite para o Sudário de Turim.
Não é possível identificar o Homem do Sudário através do ADN,
nem determinar com certeza a sua ascendência étnica, e dado o estado de
degradação e fragmentação do ADN, e a possibilidade de clonagem do Homem do
Sudário através de ADN do Sudário é meramente ficcional (9),(17).
Referências Bibliográficas:
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2 comentários:
A abordagem mais interessante, a meu ver, não foi feita. Havia DNA paterno no sangue do Santo Sudário ou do pano de Olviedo? Em caso afirmativo estamos diante de um impasse e esses objetos seriam fraudes, afinal Jesus é fruto de concepção do Espírito Santo, e, portanto, não tendo pai biológico que deixasse traços de DNA no seu sangue.
Resposta ao comentario do estimado leitor A.A. (mantemos o anonimato) de 18/12/2019
Desde já pedindo desculpa pelo grande atraso na resposta (devido a problemas informáticos), agradecemos o seu comentário que transcrevemos:
«A abordagem mais interessante a meu ver não foi feita.Havia DNA paterno no sangue do Santo Sudário ou do Pano de Oviedo?
Em caso afirmativo estamos diante de um impasse, e estes objectos seriam fraude, afinal Jesus é fruto de concepção do Espírito Santo e portanto não tendo pai biológico que deixasse traços de DNA no seu sangue.»
Resposta: contràriamente ao DNA mitocondrial que é de origem materna, não hà propriamente DNA paterno, no DNA nuclear há DNA dos 2 progenitores.
O ser humano em termos de material genético o dito DNA nuclear, tem 46 cromossomas, cada par possui um cromossoma herdado de cada um dos progenitores sendo um dos pares XX no caso da mulher e XY no caso do homem (o cromosoma Y é sempre de origem paterna)
No que respeita aos estudos de DNA nuclear recordo que eles foram inconclusivos no Pano de Oviedo mas no Sudário concluiram pela forte possibilidadede se tratar de um individuo de sexo masculino; além disso seguramente o sangue das duas relíquias é de tipo AB ou seja há 2 alelos.
Então 2 cenários podem ser considerados
1- Jesus não foi concebido por concepção virginal
2-Jesus foi concebido por concepção virginal
Neste caso teremos que assentar na nossa Fé
SE o Ex.mo leitor acredita que Jesus«é fruto de concepção do Espírito Santo» admite que a Deus omnipotente NADA É IMPOSSIVEL.
Mas Jesus Cristo foi também verdadeiro Homem, e não teria sido uma aberracção genética portanto pela Fé podemos admitir que por designios de DEUS e pela acção do Espírito Santo um ser com um genoma humano normal se tenha desenvolvido no ventre de Maria-mais um grande Milagre de Deus.
De forma alguma este aspecto pode por em causa a autenticidade do Santo Sudário de Turim, ele mesmo um Milagre que todos temos o privilégio de visualizar.
Antero de Frias Moreira
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