quarta-feira, 9 de janeiro de 2019


 O ADN DO SUDÁRIO DE TURIM-ADN DE JESUS?- Reavaliação dos  estudos de ADN do Sudário de Turim e do Pano de Oviedo
 Janeiro 2019              

 Antero de Frias Moreira*
*Médico- Especialista de Medicina Fisica e de Reabilitação; Membro Executivo do Centro Português de Sindonologia

Resumo:
 Após uma introdução ao tema é feita a revisão dos trabalhos conhecidos sobre os estudos de ADN no Sudário de Turim e no Pano de Oviedo, sendo analisados os seus achados.
Conclui-se que os estudos de ADN Nuclear apenas permitem presumir que o material hemático patente no Sudário de Turim seja de um individuo de sexo masculino, não podendo ser estabelecido a esse nível qualquer relação com o material hemático do Pano de Oviedo.
Os estudos do ADN vegetal e mitocondrial humano do Sudário de Turim fornecem importantes elementos de suporte do seu percurso histórico tradicionalmente aceite.

Abstract:
After an introduction to the subject, DNA studies on the Turin Shroud and Oviedo Cloth DNA are reviewed and their findings analyzed.
It is concluded that studies on Nuclear DNA only provide elements to presume that hematic material on the Shroud of Turin can be of a male sex individual and on this basis it cannot be established any connection to the hematic material on the Oviedo Cloth.
Plant DNA and human mitochondrial DNA studies on the Shroud of Turin provide important data to support its traditionally accepted historical trail.



Palavras-Chave:
ADN, ADN nuclear ADN mitocondrial contaminação ADN exógeno, Sudário de Turim, Pano de Oviedo Homem do Sudário

Key-Words:
DNA, nuclear DNA, mitochondrial DNA, contamination, exogenous DNA, Shroud of Turin , Oviedo Cloth, Man of the Shroud



Considerações preliminares:

O Santo Sudário de Turim é a relíquia mais venerada do Cristianismo, pois trata-se de um pano de linho de grandes dimensões onde está patente uma enigmática imagem em tonalidade acastanhada da região ventral e dorsal de um corpo desnudado de um individuo de sexo masculino bem como manchas de tonalidade avermelhada, sendo o conjunto altamente evocador de um flagelado e crucificado.
Encontra-se em Turim desde 1578 e a tradição, estudos históricos e científicos identificam-no com a mortalha funerária que envolveu o Corpo de Jesus Cristo no sepulcro.
O Sudarium de Oviedo também conhecido como Pano de Oviedo, é também um pano de linho de menores dimensões, com registos históricos na Península Ibérica desde inícios do século VII, e que é identificado como o pano que cobriu a cabeça de Jesus Cristo na cruz após a Sua morte, e corresponderá ao «sudário enrolado aparte» no capítulo 20 do Evangelho de S. João.
Abordando aspectos materiais relacionados com Jesus Cristo, o estudo de potencial material genético com Ele relacionado, será pois um tema potencialmente polémico, recentemente reactivado por um programa televisivo emitido pelo Canal História e intitulado «O ADN de Jesus Cristo», em língua inglesa «The Jesus Strand a Search for DNA», e que iremos procurar abordar de uma forma objectiva.



Introdução:
Testes de ADN, análises de ADN são frases que ouvimos correntemente, mas antes de mais iremos debruçar-nos sobre noções básicas do ADN.
O ADN, iniciais de ácido desoxirribonucleico, é uma molécula complexa que contem o genoma humano, ou seja o «código genético» que irá determinar o que cada ser vivo irá ser em termos de aspecto e funcionamento.
A molécula do ADN foi caracterizada em 1953 pelos Drs. James Watson e Francis Crick, vencedores do Prémio Nobel da Medicina, como uma dupla hélice enrolada constituída por bases púricas ( adenina e guanina) e pirimídicas (citosina e timina), ligadas a um açúcar -a desoxirribose, e um fosfato.
Cada hélice tem a sua sequência de bases, conectadas por ligações de hidrogénio à base da outra hélice sendo que a adenina se liga sempre à timina e a citosina à guanina(12). 


          
                Fig. 1- Estructura do ADN (em «The structure of DNA» News Medical Lifesciences )

Os genes humanos são sequências de bases e o conjunto dos genes constitui o genoma humano, que irá definir a individualidade de cada ser.
O ADN é o principal constituinte dos cromossomas estruturas contidas nos núcleos celulares, sendo que na espécie humana há 23 pares de cromossomas (cada par corresponde a um cromossoma de origem materna e outro de origem paterna) cujo ADN é portanto proveniente do pai e da mãe, e nesse conjunto o Homem tem um par de cromossomas designados XY e a Mulher um par XX.
A famosa base de dados CODIS (acrónimo de Combined DNA Index System) dos Estados Unidos da América trata-se de um sistema informático que armazena perfis de ADN criados por laboratórios criminais (25) e utiliza dados arquivados referentes a várias sequências de bases do ADN de indivíduos designadas por «loci» (13-20 sequencias + gene da amelogenina X ou Y para determinação de sexo) que são comparadas com sequências homólogas de amostras de ADN por exemplo recolhidas num local de crime a partir de sangue, fluidos corporais ou cabelos, se há coincidência o chamado «nível de confiança» (critério estatístico) é de 99.99% o que quer dizer que há 99,99% de probabilidade do ADN ser do mesmo individuo (13), ou noutra perspectiva a probabilidade de não ser, utilizando 13 sequencias do CODIS é de 1/ 10 000 000 000 000 ou 1/ 10 13(22).
No que concerne ao ADN esta complexa molécula encontra-se nas amostras sobre duas formas, o ADN nuclear, portanto aquele que existe nos núcleos celulares, e o ADN mitocondrial, existente nos organelos celulares designados por mitocôndrias, possuindo este apenas 37 genes enquanto que o ADN nuclear tem 30 000 genes(18).
Como foi dito o ADN nuclear tem informação genética dos 2 progenitores mas o ADN mitocondrial é o ADN de linhagem materna, exemplificando ele é transmitido para a filha e o filho da mesma mãe, mas o filho não o transmite aos seus descendentes, a filha sim.
Não iremos por motivos óbvios entrar em detalhes técnicos laboratoriais de execução das complexas análises, mas esta introdução afigura-se necessária para se perceber os estudos de ADN realizados no Sudário de Turim e no Sudarium ou «Pano de Oviedo», bem como o que deles se possa inferir e concluir.

ESTUDOS DE ADN NO SUDARIO DE TURIM E NO SUDARIUM OU PANO DE OVIEDO

Em 1995 a equipe do Professor Marcello  Canale recebeu para estudo 2 fios de cerca 1.5 cm de comprimento, da extremidade do Sudário na zona das impressões plantares dorsais.
Foram estudadas várias sequências de genes, nomeadamente  amelogenina X e Y tirosina hidroxilase, factor de von Willebrand , tirosina kinase e factor  XIII da coagulação concluindo-se que havia seguramente contaminação com ADN de vários indivíduos, nomeadamente femininos, embora o masculino fosse predominante (18), e no estudo realizado pelo mesmo cientista em material do Pano de Oviedo também se concluiu por contaminação com ADN feminino - esses estudos foram portanto inconclusivos(10),(18).
Em 1998 o microbiologita americano Dr. Leoncio Garza Valdés do Texas Health Center, publicou no seu livro «DNA of God?» o resultado de pesquisas efectuadas juntamente com o Dr. Victor Tryon geneticista da Universidade do Texas, do Departamento de PCR (Polymerase Chain Reaction) do Laboratório de Microbiologia dessa mesma Universidade, em material recolhido de manchas hemáticas da região occipital e punho esquerdo do Sudário de Turim.
Esse material foi-lhe fornecido pelo Professor Giovanni Riggi di Numana, cientista que integrou a equipe STURP, o qual efectuou a recolha aquando da realização dos testes radiocarbono 1988 (11).
Foram determinados segmentos de três genes humanos, a saber 268 pares de bases da betaglobina (componente da hemoglobina no cromossoma 11), e segmentos da amelogenina X e amelogenina Y, sendo concluído que o sangue era de um individuo de sexo masculino (18),(24).
Todavia o então Arcebispo de Turim, Cardeal Saldarini, desvalorizou os resultados alegando que o material para estudo tinha sido fornecido à revelia das autoridades religiosas e solicitou a imediata entrega de todo o material proveniente do Sudário .
Nos dois citados estudos determinou-se que o ADN (neste caso obviamente ADN nuclear) estava bastante degradado e fragmentado. (9),(14),(15).
Em 2007 foi anunciado no «Segundo Congresso Internacional sobre o Sudarium de Oviedo» a realização em curso de estudos de ADN no Pano de Oviedo a cargo dos Drs. Manuel Rey da Newbiotechnic de Sevilha e de Enrique Monte do Departamento de de Microbiologia e Genética da Universidade de Salamanca, estudos esses no sentido de determinar a área geográfica donde o linho teria vindo, foi também referido pelo Dr. António Alonso do Instituto Nacional de Ciência Forense que foram analisadas amostras de sangue e as tentativas de identificação de ADN nuclear foram infrutíferas mas foi possível identificar ADN mitocondrial, não obstante ADN humano no sangue do Pano (23).

Estudos de ADN ulteriores (4),(5),(6),(7),(8)
Na sequência de um estudo pioneiro coordenado pelo Professor Giulio Fanti, envolvendo vários geneticistas de departamentos de genética de várias universidades italianas, apresentado em 2014 no Congresso Internacional de Bari (4), foi apresentada posteriormente a versão definitiva, mais elaborada do trabalho, por uma equipe de geneticistas liderada pelo Professor Gianni Barcaccia, no «Workshop of Paduan Scientific Analysis on the Shroud» em 2015 em Pádua.
Sem entrarmos em pormenores técnicos fastidiosos, o estudo versou a caracterização de ADN extraído de material orgânico de poeiras aspiradas da parte oculta do Sudário pelo já referido Professor Giovanni Riggi di Numana respectivamente em 1978 e 1988, e posteriormente cedidas ao Professor Fanti, sendo importante referir que foram recolhidas em filtros identificando a zona donde tinham sido recolhidas.
Recorda-se que o Sudário de Turim estava cosido a todo o seu comprimento, na parte de trás, a um tecido- o chamado Pano da Holanda- aplicado em 1534 pelas freiras clarissas de Chambery, como parte do restauro após o incêndio na catedral de Chambery em 1532 que provocou alguns danos no Sudário.
Ora esse Pano da Holanda foi parcialmente descosido e efectuada aspiração sendo devidamente marcadas áreas como face, mãos, pés e nádegas bem como área descoberta da zona da retirada da amostra radiocarbono em 1988.
Nesses estudos foi analisado o ADN de cloroplastos (organelos vegetais) de plantas e ADN mitocondrial humano, determinando-se que o ADN vegetal correspondia a plantas da Europa, Norte de África/Bacia Mediterrânica, da Península Ibérica à Palestina e mesmo espécies do Novo Mundo, trazidas para a Europa após a descoberta do Continente Americano por Cristóvão Colombo em 1492.
É importante referir que foram determinados fragmentos de ADN mitocondrial humano com menos de 200 pares de bases e outros com sequências mais longas superiores a 500 pares de bases, o que indica presença de «contaminação» antiga e mais recente (8).
No que respeita ao ADN mitocondrial, a análise genética concluiu por múltiplos «haplogrupos» designação de um grupo de vários genes presentes em vários cromossomas e que partilham uma ancestralidade comum, digamos «grosso modo» determinadas «etnias».
Foram determinados então haplogrupos do Médio Oriente , Próximo Oriente, Caucaso, Nordeste de África, Anatólia , Ásia Central, Europa Ocidental e Peninsula Ibérica e até da India sendo que percentualmente o ADN mitocondrial correspondente a etnias europeias era de 5,7%, do Médio Oriente 55,6% e da India 38,7%, alem disso foram consideradas as potenciais possibilidades da etnia do Homem do Sudário (6)(7)(8).


            Estudos de ADN mitocondrial de sangue do «Homem do Sudário»*

*Barcaccia, Giani et al «DNA Analysis of dust particles sampled from the Turin Shroud», Matec Web of Conferences 2015

Fig 2- Slide gentilmente cedido pelo Professor Gianni Barcaccia, onde são designados os três possíveis haplogrupos do Homem do Sudário


Pode-se depreender que a etnia do Homem do Sudário não será europeia sendo a etnia Drusa uma possibilidade (a etnia Drusa tem uma ancestralidade comum com Judeus e Cipriotas e compartilhou os seus genes com populações do Médio Oriente incluindo Palestinianos e Sirios como pode ler-se no slide)(8).
Os autores concluem que embora a possibilidade de o Sudario de Turim ser uma elaboração medieval europeia não possa ser excluída, a diversidade das etnias determinadas, resulta do contacto de inumeras pessoas com o tecido do Sudário ao longo dos séculos, e integrando os resultados obtidos do estudo de ADN de plantas e ADN mitocondrial humano, eles são compatíveis com o percurso histórico- geográfico do Santo Sudário de Turim , previamente definido pela documentação histórica e estudos palinológicos (pólenes) e minerais.
Além disso põe a possibilidade de o linho ser proveniente da India, tendo viajado pelas rotas comerciais da época, e posteriormente manufacturado no tecido, até chegar à Palestina (6),(7),(8).


                                               DISCUSSÃO

Se o objectivo dos estudos de ADN forem estudar o ADN do Homem do Sudário, ter-se-á desde já que considerar  a forma como tenha passado para o tecido , e obviamente haverá duas possibilidades, ou por contacto com partes do corpo passando resíduos orgânicos para o tecido, nomeadamente celulas cutâneas ou fluidos corporais, ou então nas manchas sanguíneas, também neste caso por contacto.
Hoje sabemos que seguramente as manchas sanguíneas no Sudário de Turim são exsudados de coágulos patentes nas áreas lesionais do corpo de um homem que morreu em posição de crucificação, e que foram transferidos para o tecido por um mecanismo de contacto (1),(20), e são precisamente as áreas hemáticas que foram escolhidas pelos investigadores para recolha das amostras, quer no Sudário de Turim, quer no Pano de Oviedo (neste caso há sangue misturado com fluido de edema pulmonar),dado que presumivelmente serão áreas onde será mais provável obter ADN do Homem do Sudário.
Uma das razões da escassez de ADN nas amostras recolhidas do Sudário, tem a ver com o facto de que o ADN nuclear existe apenas nas células nucleadas, ora os eritrócitos (glóbulos vermelhos) são células anucleadas, portanto a única fonte possível de ADN nuclear serão as células da serie branca, os neutrófilos, linfócitos e monócitos  (16), ao que acresce o facto de o material hemático no Sudário não ser sangue total, mas sim um exsudado de coágulo que foi transferido por contacto para o tecido, logo a maior parte dos elementos celulares do sangue ficou retida na rede de fibrina do coágulo sobre a ferida corporal.
Outro aspecto irresolúvel é a identidade do Homem do Sudário, pois se como tudo indica o Homem do Sudário é Jesus Cristo, (3),(26), não existe qualquer outro resíduo orgânico ( ou seja não existem quaisquer remanescentes corporais de Jesus Cristo) donde se possa obter ADN para comparação com o obtido do Sudário, mesmo excluindo que este está marcadamente fragmentado e degradado pela antiguidade (14),(21).


Contaminação c/ ADN exógeno
Antes de mais teremos que ter em conta que a contaminação com ADN exógeno deve ser sempre uma preocupação, pois pode haver intrusão de ADN exógeno a partir de células de descamação cutânea, fluidos corporais como aerossóis respiratórios de tosse, espirro saliva etc. portanto basta o respirar tossir coçar a cabeça, tocar sem luvas protectoras no tecido do Sudário, colocar sobre o tecido objectos que foram manipulados por pessoas, para introduzir ADN exógeno, situações a que o tecido do Sudário foi inquestionavelmente sujeito ao longo dos séculos.

Apreciação critica dos estudos de ADN

Estudos iniciais
No que concerne aos estudos iniciais de ADN do Professor Canale em 1995, a determinação de vários alelos de genes (recordamos que um individuo só pode ter dois alelos) bem como a presença de ADN feminino apontam para a inevitável contaminação com ADN exógeno, não podendo daí ser extraída qualquer informação válida no que respeita ao ADN do Homem do Sudário (18), o que na nossa opinião seria de esperar pois as amostras foram recolhidas da extremidade do tecido na zona da imagem da planta dos pés, região potencialmente sujeita a manipulação humana.
Relativamente aos estudos posteriores do Dr. Leoncio Garza-Valdés e Victor Tryon publicados em finais dos anos 90, não questionamos sequer a legitimidade das amostras, e o facto de as amostras terem sido recolhidas da região occipital e punho esquerdo, portanto áreas do tecido do Sudário afastadas dos bordos, portanto menos prováveis de terem sido tocadas, até certo ponto minimiza a possibilidade de contaminação e dará mais segurança à conclusão de que a amostra seja de sangue de um individuo de sexo masculino.
Não obstante, dado que não foi excluída a possibilidade de contaminação exógena nomeadamente por células cutâneas/outra, essa conclusão não poderá ter um valor absoluto, e o investigador e imunologista Dr. Kelly Kearse propõe, dado que não existem normalmente linfócitos B na pele, a fim de confirmar a possibilidade de que o que foi determinado foi ADN de células sanguíneas e não cutâneas  « a análise de ADN das manchas sanguíneas deve produzir um perfil indicativo de uma população policlonal de células B, por exemplo uma curva em forma de sino (distribuição Gaussiana)que reflecte a natureza heterogénea do rearranjo do receptor»- tendo sido prèviamente explicado que o re-arranjo de segmentos de genes dos linfócitos B produz uma multiplicidade de diferentes receptores (imunoglobulinas) na sua superfície, o que não acontece no chamado «touch DNA» de origem em células cutâneas(19).
Do atrás exposto e integrando com os escassos dados sobre os estudos de ADN do Pano de Oviedo, não é possível estabelecer qualquer identidade entre o ADN nuclear ou mitocondrial das duas relíquias, apenas que o material hemático é do tipo AB, mas nem sequer foi possível determinar o factor Rh (2),(16).


Estudos mais recentes
O estudo da equipe do professor Barcaccia tem o mérito de através da análise genética de material predominantemente contaminante-referimo-nos ao ADN vegetal e ADN mitocondrial dos indivíduos que ao longo do tempo contactaram com o tecido do Sudário- fornecer uma base para se poder ou não corroborar o percurso histórico- geográfico da Relíquia tradicionalmente descrito.
Esclarecemos que esse ADN (vegetal e mitocondrial humano) predominantemente contaminante foi sendo depositado no tecido ao longo do tempo, por poeiras atmosféricas, contacto com resíduos vegetais e sobretudo por todas as pessoas que ao longo dos séculos foram contactando com o tecido, desde a fase da colheita e preparação do linho, manufactura do tecido, transporte da peça nas rotas comerciais, e múltiplos contactos humanos com a mesma, sem esquecer o envolvimento do Corpo do Homem do Sudário.

Assim sendo, é possível considerar dois cenários (8):


1 O-Sudário ser uma fraude medieval elaborada na Europa
Neste caso para alem de existir ADN vegetal de plantas da bacia mediterrânica e Médio Oriente o que é dificilmente explicável, também o facto de que apenas 5.7% do ADN mitocondrial é de etnias europeias, bem como a presença considerável de ADN de etnias indianas ( 38,7%) e do Médio Oriente (55,6%)  torna esta possibilidade insustentável, pois o contrário é que seria lógico nessa perspectiva.

2- O Sudário de Turim seguiu o percurso histórico conhecido Jerusalém-Edessa Constantinopla-Europa Ocidental
Os dados do ADN vegetal e mitocondrial humano em nada contrariam essa possibilidade, antes fornecem mais argumentos a favor do percurso histórico-geográfico proposto, em função dos prévios estudos históricos, palinológicos e mineralógicos.
No que concerne ao possivel ADN mitocondrial do Homem do Sudário os haplogrupos determinados apenas permitem ponderar hipóteses de etnias, e não fazer afirmações peremptórias, como ficou patente no documentário do Canal História de que Jesus Cristo tinha antepassados Drusos, e será apenas mais um dado a favor de que o material hemático patente no Sudário é de um individuo de etnias do Médio Oriente.



                                          CONCLUSÃO

Os estudos de ADN nuclear no Sudário de Turim e Pano de Oviedo são pouco conclusivos pois não permitem descartar a possibilidade de contaminação com ADN exógeno, não obstante fornecem um elemento de presunção não negligenciável de que o material hemático patente no Sudário de Turim seja de um individuo de sexo masculino, não sendo possível estabelecer qualquer comparação ou conexão com o ADN nuclear do Pano de Oviedo.
No que respeita aos estudos de ADN vegetal e ADN mitocondrial humano, eles fornecem importantes elementos de suporte para o percurso histórico-geográfico tradicionalmente aceite para o Sudário de Turim.
Não é possível identificar o Homem do Sudário através do ADN, nem determinar com certeza a sua ascendência étnica, e dado o estado de degradação e fragmentação do ADN, e a possibilidade de clonagem do Homem do Sudário através de ADN do Sudário é meramente ficcional (9),(17).




Referências Bibliográficas:


1-Adler, Alan D.-The Nature of the Body Images on the Shroud of Turin  1999 https://www.shroud.com/pdfs/adler.pdf 
2-Bollone, Pierluigi Baima- The forensic  characteristics of the blood marks The Turin Shroud, Past, Present and Future International Scientific Symposium, Torino 2-5 March 2000 Effata Editrice pp,212-214
3-Barberis, Bruno Savarino Piero- Shroud carbon dating and calculus of probabilities St. Pauls U.K. 1998 pp 29-47
4-Barcaccia, G. et al, Fanti, G-Uncovering the Sources of DNA in the Turin Shroud Workshop in Advances in the Turin Shroud Investigation, September 4-5 2014 Bari, Italy
5-Barcaccia, Gianni et al – DNA Analysis of Dust Particles Sampled from the Turin Shroud, Workshop Paduan on Scientific Analysis on the Shroud 2015 https://www.matec-conferences.org/articles/matecconf/abs/2015/17/matecconf_wopsas2015_03001/matecconf_wopsas2015_03001.html
6-Barcaccia Gianni et al –Uncovering the Sources of DNA found on the Turin Shroud,Scientific Reports 05 october 2015 https://www.nature.com/articles/srep14484
7-Barcaccia, Gianni –Sources of DNA on the Shroud- abstract, International Conference, July 19-22 Pasco Washington  http://www.shrouduniversity.com/pasco17details.php#18
8-Barcaccia, Gianni conferência- Video, International Conference on the Shroud of Turin, July 19-22, 2017 Pasco , Washington https://www.youtube.com/watch?v=WzFL5jcWCBY&feature=youtu.be
9-Boda , Lazlo: Why it is impossible to clone the Man of the Shroud  http://www.shroud.it/boda.pdf
10-BSTS Newsletter nº 42 02 News From Around the World http://www.shroud.com/pdfs/n42part2.pdf
11-BSTS Newsletter nº 43 03 Science Fiction to Science Fact? https://www.shroud.com/bsts4303.htm
12-Cheryiedath, Susha The Sructure of DNA News Medical Lifesciences https://www.news-medical.net/life-sciences/Structure-of-DNA.aspx
14-Fanti G. et al – Evidence for testing hypotheses about Image formation of the Turin Shroud, The Third Dallas International Conference on the Shroud of Turin: Dallas  September 8-11, 2005  https://www.shroud.com/pdfs/doclist.pdf
15-Hermosilla, Alfonso sanchez M.D. The Oviedo Sudarium and the Turin Shroud http://www.shroud.com/pdfs/sanchezveng.pdf
16-Kearse, Kelly P.-Blood on the Shroud of Turin: An Immunological Review 2012 https://www.shroud.com/pdfs/kearse.pdf

17-Kearse, Kelly P. – Cloning the Man on the Shroud of Turin: The Media’s Hyperbole with the Double Helix, Shroud of Turin Blog November 25 2012 https://shroudstory.com/2012/11/25/must-read-cloning-the-man-on-the-shroud-of-turin/
18-Kearse, Kelly P.- DNA Analysis and the Shroud of Turin: Development of a Shroud CODIS https://www.shroud.com/pdfs/kearse3.pdf
19-Kearse, Kelly P.-DNA on the Shroud of Turin : Distinguishing endogenous versus exogenous DNA 2012 https://www.shroud.com/pdfs/kearse2.pdf
20-Lavoie, Gilbert R. , Lavoie Bonnie B. , Adler, Alan D.- Blood on the Shroud of Turin, Th Orphaned Manuscript Effata Editrice 2002 pp.64
21-Rogers, Raymond N.-Frequently Asked Questions 2004  https://www.shroud.com/pdfs/rogers5faqs.pdf
23-The Second International Conference on the Sudarium of Oviedo , Oviedo , Spain 13-15 April 2007 https://www.shroud.com/pdfs/n65/part6.pdf
24-Valdés, Leoncio Garza The DNA of God , Amazon 1999 referido em http:// www.religion-cults.com/cloning.godhtm24
25-Wikipedia- Combined DNA Index System https://pt.wikipedia.org/wiki/Combined_DNA_Index_System
26-Zeuli, Tino –Jesus Christ is the Man of the Shroud Shroud Spectrum International Issue 10 March 1984 pp 29 https://www.shroud.com/pdfs/ssi10part5.pdf 

2 comentários:

André Andrade disse...

A abordagem mais interessante, a meu ver, não foi feita. Havia DNA paterno no sangue do Santo Sudário ou do pano de Olviedo? Em caso afirmativo estamos diante de um impasse e esses objetos seriam fraudes, afinal Jesus é fruto de concepção do Espírito Santo, e, portanto, não tendo pai biológico que deixasse traços de DNA no seu sangue.

maria da glória disse...

Resposta ao comentario do estimado leitor A.A. (mantemos o anonimato) de 18/12/2019

Desde já pedindo desculpa pelo grande atraso na resposta (devido a problemas informáticos), agradecemos o seu comentário que transcrevemos:
«A abordagem mais interessante a meu ver não foi feita.Havia DNA paterno no sangue do Santo Sudário ou do Pano de Oviedo?
Em caso afirmativo estamos diante de um impasse, e estes objectos seriam fraude, afinal Jesus é fruto de concepção do Espírito Santo e portanto não tendo pai biológico que deixasse traços de DNA no seu sangue.»

Resposta: contràriamente ao DNA mitocondrial que é de origem materna, não hà propriamente DNA paterno, no DNA nuclear há DNA dos 2 progenitores.
O ser humano em termos de material genético o dito DNA nuclear, tem 46 cromossomas, cada par possui um cromossoma herdado de cada um dos progenitores sendo um dos pares XX no caso da mulher e XY no caso do homem (o cromosoma Y é sempre de origem paterna)
No que respeita aos estudos de DNA nuclear recordo que eles foram inconclusivos no Pano de Oviedo mas no Sudário concluiram pela forte possibilidadede se tratar de um individuo de sexo masculino; além disso seguramente o sangue das duas relíquias é de tipo AB ou seja há 2 alelos.
Então 2 cenários podem ser considerados

1- Jesus não foi concebido por concepção virginal

2-Jesus foi concebido por concepção virginal
Neste caso teremos que assentar na nossa Fé
SE o Ex.mo leitor acredita que Jesus«é fruto de concepção do Espírito Santo» admite que a Deus omnipotente NADA É IMPOSSIVEL.
Mas Jesus Cristo foi também verdadeiro Homem, e não teria sido uma aberracção genética portanto pela Fé podemos admitir que por designios de DEUS e pela acção do Espírito Santo um ser com um genoma humano normal se tenha desenvolvido no ventre de Maria-mais um grande Milagre de Deus.
De forma alguma este aspecto pode por em causa a autenticidade do Santo Sudário de Turim, ele mesmo um Milagre que todos temos o privilégio de visualizar.
Antero de Frias Moreira