Antero de Frias Moreira*
Resumo:
Independentemente de aspectos históricos e peculiaridades da
Imagem patente no Sudário de Turim, é do ponto de vista do «calculo matemático
de probabilidades» demonstrado inequivocamente que a imagem corporal patente no
Sudário de Turim pertence a Jesus Cristo e não a um outro crucificado.
A pergunta- título deste artigo, à partida parece e é
efectivamente estúpida, o Homem do Sudário é obviamente Jesus Cristo.
Mas o fundamento desta pergunta, e o objectivo deste trabalho
baseia-se no facto de que várias
pessoas, fazendo tábua rasa de todos os aspectos de carácter histórico ligados
ao Sudário de Turim, bem como das peculiaridades da imagem sindónica
nomeadamente da irreproduzibilidade da mesma, a qual é ÚNICA e é atribuída a um
Homem que teve um papel marcante na história da Humanidade, pura e simplesmente
afirmam algo como:
Porque é que tem de ser a imagem de Jesus e não de um outro
judeu qualquer pois naquela época era vulgar os homens usarem barba e cabelo
comprido, ou então houve muitos flagelados e crucificados pelos romanos, por
exemplo na revolta dos Judeus em 70 A.D., porque é que tem de ser Jesus????
Mesmo cépticos ateistas bem conhecidos, como Joe Nickell ,
Stephen Shaffersman ou Walter McCrone em bora questionando a autenticidade do
Sudário e afirmando que ele é uma «pintura» ou uma qualquer elaboração artística
não põem em questão que a imagem corporal e as manchas avermelhadas representam
o Corpo de Cristo flagelado e crucificado.
Mas, na linha de pensamento desses iluminados
pseudo-cépticos, «mais papistas que o Papa», vamos pôr de parte todas as
peculiaridades da imagem e os factos/documentação histórica ligados ao Sudário,
ou se a imagem é uma pintura uma
protofotografia ou uma qualquer hipotética elaboração artística humana, e vamos
focar-nos apenas no que ella representa- UM FLAGELADO E CRUCIFICADO de sexo
masculino, obviamente, o que é um facto absolutamente inegável.
Vamos então, na linha de investigadores como o Professor Bruno
Barberis, professor de fisica e matemática da Universidade de Turim, considerar sete aspectos comuns entre a
imagem do crucificado no Sudário (o «Homemdo Sudário») e o que se sabe sobre a
flagelação e crucificação de Jesus Cristo.
Bases do Cálculo Matemático
de Probabilidades (segundo o Professor Barberis)
Bàsicamente teremos de assumir com seriedade e lógica, baseados nos dados
histórico-culturais, em determinados aspectos, o chamado número de casos
«favoráveis» e o número de casos «possíveis», o que
acarreta sempre alguma dose de subjectividade, mas nas assumpções do Professor
Barberis elas pautaram-se pelo
presumível limite inferior.
E o raciocínio é assim, para exemplificar, em quantos crucificados
era um envolvido num lençol funerário
enquanto todos os outros ficavam a apodrecer na cruz ou era o corpo depois
atirado para uma vala comum?Em quantos crucificados um transportava o patibulum
(trave correspondente à porção horizontal da cruz).
Condiçoes
ponderadas/Aspectos comuns ao «crucificado do Sudário» e ao crucificado Jesus
Cristo
1-Envolvimento do corpo
num lençol funerário:
Sabe-se historicamente que a maioria dos crucificados ficava
a apodrecer na cruz para intimidação das populações, apenas por concessão da
autoridade romana o corpo poderia ser excepcionalmente entregue para sepultamento, talvez 1 em cada cem tenha sido
sepultado num lençol.
Assume-se 1 em cada 100
1/100
2-As lesões perfurantes
na cabeça e couro cabeludo
Não há qualquer relato histórico de uma tortura idêntica com
capacete de espinhos, aplicada a um condenado, tratou-se de um acto de zombaria brutal com Jesus Cristo para
ridicularizar o facto de Ele ter assumido ser o Rei dos Judeus.
Admitindo a improbabilidade de outros casos assume-se 1/5000
3-Porte do Patibulum
Jesus não transportou a Cruz mas sim a porção horizontal uma
barra designada «patibulum», e na imagem sindónica são evidentes lesões de
abrasão cutânea nas omoplatas particularmente na direita que são compatíveis
com o porte do «patibulum».
Nem todos os condenados levavam o «patibulum» para o local do
suplicio, por exemplo nas crucifixões em massa na guerra dos Judeus em 70 A.D. o general Titus ordenou
crucificações em massa nos próprios locais tendo sido cortadas muitas árvores
cujos troncos eram fixados no solo e as victimas pregadas no local aos mesmos,
(e obviamente que ficavam a apodrecer no local e não eram sepultadas com
lençois….)
Mesmo assim assume-se 1/2
4- Crucificação com
pregos
A imagem no Sudário é de um crucificado com pregos, Jesus foi
crucificado com pregos
Havia também a possibilidade de fixação à cruz com cordas mas
os 2 meios de fixação não eram usados simultaneamente.
Assume-se 1/2
5- Ferida da Lança
A lançada era um acto destinado a confirmar a morte do
condenado (só era utilizada quando o condenado aparentava estar morto), a maior
parte das vezes os condenados ou morriam na cruz após agonia prolongada, ou eram submetidos ao « crurifragium»-acto de
fracturar os membros inferiores para impedir apoio sobre os pés para elevar o
corpo e expelir o ar- esta practica era um meio de abreviar a morte por asfixia
e até certo ponto considerada um acto de misericórdia para o condenado.
É obvia a «ferida da lança» no Sudário, e a Jesus Cristo
também foi aplicada essa forma de confirmação da morte.
Assume-se 1/10
6- Enterro apressado
Pode-se inferir da imagem no Sudário e aspectos lesionais,
que não houve tempo para preparar devidamente o corpo segundo os rituais
funerários, o mesmo é referido no caso de Jesus Cristo.
Ponderando relativamente a outros casos de crucificados que
tenham sido sepultados apressadamente pelos seus familiares, assume-se 1/20
7-Permanência curta do
corpo no lençol
Pela análise da imagem
que é de um cadáver em estado de «rigor mortis» e não tendo sido
encontrados resíduos de decomposição corporal no tecido, conclui-se que o corpo
não esteve envolvido pelo lençol funerário mais do que 36 horas.
Segundo os relatos dos Evangelhos Jesus ressuscitou ao 3º
dia…. e os Apóstolos encontraram o túmulo vazio.
De acordo com os rituais funerários judaicos o corpo era
sepultado e ficava a decompor-se no túmulo e cerca de 1 ano depois os ossos
eram recuperados pelos familiares e colocados num ossário (era o 2º
enterramento) e obviamente o lençol envolvente já se teria decomposto.
Assume-se 1/500
Cálculo:
1/100 X 1/5000 X 1/2 X
1/2 X 1/10 X 1/20 X 1/500 =
1/200.000.000.000
A leitura deste resultado poder-se-á fazer de duas maneiras,
a primeira é que a probabilidade de existir um outro crucificado que reúna
simultaneamente as 7 características comuns na imagem do Homem do Sudário e de
Jesus Christo é de 1 para 200 biliões (ou milhares de milhões segundo a nossa
nomenclatura), um número INFINITAMENTE PEQUENO ou então de que a probabilidade
de o Homemdo Sudário e Jesus Cristo serem uma e
a mesma pessoa é INFINITAMENTE GRANDE.
Conclusões semelhantes embora com outros valores também da
ordem de um para mais de cem biliões foram obtidos pelos cálculos de Yves
Delage,do Engº Paul de Gail e do Professor Tino Zeuli.
Como complemento desta conclusão o Professor Bruno Barberis
toma também em consideração o chamado «Valor Máximo de Probabilidade»
Sendo que a práctica da crucificação se teria iniciado no
século VI A.C. pelos Persas e teria perdurado no Império Romano até à sua
abolição pelo Imperador Constantino depois de 314 A.D., embora continuasse a
ser praticada com alguma regularidade no Médio Oriente e bacia mediterrânica,
até sensivelmente ao século VII, considerando um número hipotético de pessoas
que viveram nesse período, poder-se-ia fazer uma estimativa obviamente muito
aproximativa, do número de crucificados dessa população.
Assim, assumindo intencionalmente um número muito alto de
crucificados, esse valor é estimado em 200.000.000 (duzentos milhões) com
certeza muito superior aos que foram efectivamente submetidos a essa pena
capital durante o período considerado.
Dividindo esse número
por 200.000.000.000 obtém-se um resultado de 1/1000, ou seja um milésimo da
unidade, o que significa que «outro
Homem do Sudário» nunca poderia ter existido, porque o valor é òbviamente
inferior à unidade, o que nos permite «a fortiori» concluir o mesmo para todos
os crucificados num «span» de décadas antes e depois da crucificação de
Cristo..
CONCLUSÃO
O(s) raciocínio(s) atrás efectuado(s) não pretende(m) de
forma alguma «provar» a autenticidade do
Sudário , mas sim inequivocamente demonstrar que independentemente de todos os aspectos
históricos ou das peculiaridades científicas comprovadas, a imagem corporal
nele patente com as marcas da Paixão é a IMAGEM DE JESUS CRISTO e não a de um
outro anónimo crucificado.
*Médico, membro executivo do Centro
Português de Sindonologia
Referências:
1-Barberis,
Bruno , Savarino, Pietro« Shroud carbon dating and calculus of probabilities»
St. Pauls U.K. Edit. 1998
2-Zeuli, Tino
«Jesus Christ is the Man of the Shroud» «Shroud Spectrum International » Issue
10 March 1984 pp. 29-33 http://www.shroud.com/pdfs/ssi10part5.pdf
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