quinta-feira, 11 de outubro de 2018

QUEM É O HOMEM DO SUDÁRIO?


                                                     

Antero de Frias Moreira*


Resumo:
Independentemente de aspectos históricos e peculiaridades da Imagem patente no Sudário de Turim, é do ponto de vista do «calculo matemático de probabilidades» demonstrado inequivocamente que a imagem corporal patente no Sudário de Turim pertence a Jesus Cristo e não a um outro crucificado.

A pergunta- título deste artigo, à partida parece e é efectivamente estúpida, o Homem do Sudário é obviamente Jesus Cristo.
Mas o fundamento desta pergunta, e o objectivo deste trabalho baseia-se  no facto de que várias pessoas, fazendo tábua rasa de todos os aspectos de carácter histórico ligados ao Sudário de Turim, bem como das peculiaridades da imagem sindónica nomeadamente da irreproduzibilidade da mesma, a qual é ÚNICA e é atribuída a um Homem que teve um papel marcante na história da Humanidade, pura e simplesmente afirmam algo como:
Porque é que tem de ser a imagem de Jesus e não de um outro judeu qualquer pois naquela época era vulgar os homens usarem barba e cabelo comprido, ou então houve muitos flagelados e crucificados pelos romanos, por exemplo na revolta dos Judeus em 70 A.D., porque é que tem de ser Jesus????
Mesmo cépticos ateistas bem conhecidos, como Joe Nickell , Stephen Shaffersman ou Walter McCrone em bora questionando a autenticidade do Sudário e afirmando que ele é uma «pintura» ou uma qualquer elaboração artística não põem em questão que a imagem corporal e as manchas avermelhadas representam o Corpo de Cristo flagelado e crucificado.
Mas, na linha de pensamento desses iluminados pseudo-cépticos, «mais papistas que o Papa», vamos pôr de parte todas as peculiaridades da imagem e os factos/documentação histórica ligados ao Sudário, ou se a imagem é  uma pintura uma protofotografia ou uma qualquer hipotética elaboração artística humana, e vamos focar-nos apenas no que ella representa- UM FLAGELADO E CRUCIFICADO de sexo masculino, obviamente, o que é um facto absolutamente inegável.
Vamos então, na linha de investigadores como o Professor Bruno Barberis, professor de fisica e matemática da Universidade de Turim, considerar sete aspectos comuns entre a imagem do crucificado no Sudário (o «Homemdo Sudário») e o que se sabe sobre a flagelação e crucificação de Jesus Cristo.

Bases do Cálculo Matemático de Probabilidades (segundo o Professor Barberis)
Bàsicamente teremos de assumir  com seriedade e lógica, baseados nos dados histórico-culturais, em determinados aspectos, o chamado número de casos «favoráveis» e o número de casos «possíveis»,  o  que acarreta sempre alguma dose de subjectividade, mas nas assumpções do Professor Barberis  elas pautaram-se pelo presumível limite inferior.
E o raciocínio é assim, para exemplificar, em quantos crucificados  era um envolvido num lençol funerário enquanto todos os outros ficavam a apodrecer na cruz ou era o corpo depois atirado para uma vala comum?Em quantos crucificados um transportava o patibulum (trave correspondente à porção horizontal da cruz).
Condiçoes ponderadas/Aspectos comuns ao «crucificado do Sudário» e ao crucificado Jesus Cristo
1-Envolvimento do corpo num lençol funerário:
Sabe-se historicamente que a maioria dos crucificados ficava a apodrecer na cruz para intimidação das populações, apenas por concessão da autoridade romana o corpo poderia ser excepcionalmente entregue para  sepultamento, talvez 1 em cada cem tenha sido sepultado num lençol.
Assume-se 1 em cada 100    1/100
2-As lesões perfurantes na cabeça e couro cabeludo
Não há qualquer relato histórico de uma tortura idêntica com capacete de espinhos, aplicada a um condenado, tratou-se de um acto de  zombaria brutal com Jesus Cristo para ridicularizar o facto de Ele ter assumido ser o Rei dos Judeus.
Admitindo a improbabilidade de outros casos assume-se 1/5000
3-Porte do Patibulum
Jesus não transportou a Cruz mas sim a porção horizontal uma barra designada «patibulum», e na imagem sindónica são evidentes lesões de abrasão cutânea nas omoplatas particularmente na direita que são compatíveis com o porte do «patibulum».
Nem todos os condenados levavam o «patibulum» para o local do suplicio, por exemplo nas crucifixões em massa na guerra dos Judeus  em 70 A.D. o general Titus ordenou crucificações em massa nos próprios locais tendo sido cortadas muitas árvores cujos troncos eram fixados no solo e as victimas pregadas no local aos mesmos, (e obviamente que ficavam a apodrecer no local e não eram sepultadas com lençois….)
Mesmo assim assume-se  1/2
4- Crucificação com pregos
A imagem no Sudário é de um crucificado com pregos, Jesus foi crucificado com pregos
Havia também a possibilidade de fixação à cruz com cordas mas os 2 meios de fixação não eram usados simultaneamente.
Assume-se 1/2
5- Ferida da Lança
A lançada era um acto destinado a confirmar a morte do condenado (só era utilizada quando o condenado aparentava estar morto), a maior parte das vezes os condenados ou morriam na cruz após agonia prolongada, ou  eram submetidos ao « crurifragium»-acto de fracturar os membros inferiores para impedir apoio sobre os pés para elevar o corpo e expelir o ar- esta practica era um meio de abreviar a morte por asfixia e até certo ponto considerada um acto de misericórdia para o condenado.
É obvia a «ferida da lança» no Sudário, e a Jesus Cristo também foi aplicada essa forma de confirmação da morte.
Assume-se 1/10
6- Enterro apressado
Pode-se inferir da imagem no Sudário e aspectos lesionais, que não houve tempo para preparar devidamente o corpo segundo os rituais funerários, o mesmo é referido no caso de Jesus Cristo.
Ponderando relativamente a outros casos de crucificados que tenham sido sepultados apressadamente pelos seus familiares, assume-se 1/20
7-Permanência curta do corpo no lençol
Pela análise da imagem  que é de um cadáver em estado de «rigor mortis» e não tendo sido encontrados resíduos de decomposição corporal no tecido, conclui-se que o corpo não esteve envolvido pelo lençol funerário mais do que 36 horas.
Segundo os relatos dos Evangelhos Jesus ressuscitou ao 3º dia…. e os Apóstolos encontraram o túmulo vazio.
De acordo com os rituais funerários judaicos o corpo era sepultado e ficava a decompor-se no túmulo e cerca de 1 ano depois os ossos eram recuperados pelos familiares e colocados num ossário (era o 2º enterramento) e obviamente o lençol envolvente já se teria decomposto.
Assume-se 1/500

Cálculo:
1/100 X 1/5000 X 1/2 X 1/2 X  1/10 X 1/20 X 1/500 = 1/200.000.000.000

A leitura deste resultado poder-se-á fazer de duas maneiras, a primeira é que a probabilidade de existir um outro crucificado que reúna simultaneamente as 7 características comuns na imagem do Homem do Sudário e de Jesus Christo é de 1 para 200 biliões (ou milhares de milhões segundo a nossa nomenclatura), um número INFINITAMENTE PEQUENO ou então de que a probabilidade de o Homemdo Sudário e Jesus Cristo serem uma e  a mesma pessoa é INFINITAMENTE GRANDE.
Conclusões semelhantes embora com outros valores também da ordem de um para mais de cem biliões foram obtidos pelos cálculos de Yves Delage,do Engº Paul de Gail e do Professor Tino Zeuli.

Como complemento desta conclusão o Professor Bruno Barberis toma também em consideração  o chamado «Valor Máximo de Probabilidade»
Sendo que a práctica da crucificação se teria iniciado no século VI A.C. pelos Persas e teria perdurado no Império Romano até à sua abolição pelo Imperador Constantino depois de 314 A.D., embora continuasse a ser praticada com alguma regularidade no Médio Oriente e bacia mediterrânica, até sensivelmente ao século VII, considerando um número hipotético de pessoas que viveram nesse período, poder-se-ia fazer uma estimativa obviamente muito aproximativa, do número de crucificados dessa população.
Assim, assumindo intencionalmente um número muito alto de crucificados, esse valor é estimado em 200.000.000 (duzentos milhões) com certeza muito superior aos que foram efectivamente submetidos a essa pena capital durante o período considerado.
 Dividindo esse número por 200.000.000.000 obtém-se um resultado de 1/1000, ou seja um milésimo da unidade, o que significa que «outro Homem do Sudário» nunca poderia ter existido, porque o valor é òbviamente inferior à unidade, o que nos permite «a fortiori» concluir o mesmo para todos os crucificados num «span» de décadas antes e depois da crucificação de Cristo..

                                                                         CONCLUSÃO
O(s) raciocínio(s) atrás efectuado(s) não pretende(m) de forma alguma  «provar» a autenticidade do Sudário , mas sim  inequivocamente demonstrar que independentemente de todos os aspectos históricos ou das peculiaridades científicas comprovadas, a imagem corporal nele patente com as marcas da Paixão é a IMAGEM DE JESUS CRISTO e não a de um outro anónimo crucificado. 

*Médico, membro executivo do Centro Português de Sindonologia

Referências:
1-Barberis, Bruno , Savarino, Pietro« Shroud carbon dating and calculus of probabilities» St. Pauls U.K. Edit. 1998
2-Zeuli, Tino «Jesus Christ is the Man of the Shroud» «Shroud Spectrum International » Issue 10 March 1984 pp. 29-33  http://www.shroud.com/pdfs/ssi10part5.pdf


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